James Green

Historiador defende CPI sobre Amazônia no Congresso dos EUA

Reivindicação faz parte da luta de uma coalizão internacional que espera que o governo de Joe Biden suspenda acordos comerciais e políticos com o governo Bolsonaro

Fábio Mitsuka Paschoal / Wikimedia Commons
Fábio Mitsuka Paschoal / Wikimedia Commons
Amazônia: extensa lista de recomendações tem por objetivo garantir que a administração do democrata não endosse violações socioambientais observadas atualmente no Brasil

São Paulo – O historiador e brasilianista norte-americano James Green, de 69 anos, defende que seja realizada uma CPI sobre a Amazônia e o meio ambiente no Congresso dos Estados Unidos. Essa reivindicação faz parte da luta de 150 nomes de uma coalizão internacional, que atua junto ao novo presidente do país, Joe Biden, para que ele cumpra o compromisso de defesa da Amazônia, expresso em sua campanha eleitoral.

“No segundo debate da campanha eleitoral, Biden declarou claramente que é uma preocupação dele. Esperamos agora que ele tenha uma política correta de enfrentamento dessa realidade. É uma preocupação que se observa em nível mundial, que já está na consciência das pessoas. Vamos lutar pra ter uma CPI no Congresso dos EUA sobre a Amazônia e o meio ambiente, bem como organizar outras atividades no futuro para falar mais sobre essa realidade.”

Na presidência, Biden terá o desafio de provar com ações concretas o seu comprometimento pela preservação do bioma. A pressão pelo cumprimento das promessas cresceu nesta semana, quando a Rede dos Estados Unidos para Democracia no Brasil fez chegar ao presidente um dossiê de 31 páginas que pede a suspensão de acordos comerciais e políticos com o governo de Jair Bolsonaro.

Entre outras medidas, o documento pleiteia que o novo governo dos EUA encerre o apoio financeiro a atividades relacionadas ao desmatamento na Amazônia. A extensa lista de recomendações tem por objetivo garantir que a administração do democrata não endosse violações socioambientais observadas atualmente no Brasil.

Apoiada por mais de 150 acadêmicos das principais universidades dos EUA, ONGs e entidades como a Amazon Watch e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a U.S. Network for Democracy in Brazil deriva de uma mobilização iniciada em 2018, após a eleição de Jair Bolsonaro.

Antes de se tornar um conceituado brasilianista, Green se engajou como ativista, nos anos 1970, em atividades de denúncia das torturas praticadas pela ditadura militar brasileira.

Green: “No segundo debate da campanha eleitoral, Biden declarou claramente que é uma preocupação dele” (Reprodução/TVT)

Em entrevista à João Pedro Soares na DW Brasil, Green reconhece que a Amazônia e a agenda ambiental ocupam, hoje, o lugar que os direitos humanos tiveram naquele período como principal plataforma de sensibilização da opinião pública dos EUA sobre a situação vivida no Brasil. Aumentar a visibilidade das violações em curso é um dos objetivos da elaboração do dossiê.

Ele comenta que, em meio à gestão da pandemia e à divisão política no Senado estadunidense, não se sabe quando Joe Biden terá tempo para ler o documento entregue pelas mãos de Juan Gonzalez, principal responsável por políticas sobre a América Latina no novo governo e assessor de confiança do presidente desde que trabalharam juntos na administração de Barack Obama.

Confira a entrevista


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