No tapetão

Câmara realiza nova eleição hoje para compor a Mesa Diretora

Nova escolha é necessária depois que o presidente da Câmara eleito, Arthur Lira, deixou de reconhecer o bloco de oposição que apoiou Baleia Rossi. “Primeiro ato de Lira foi dar um golpe na oposição”, protestou a deputada Gleisi Hoffmann

Cleia Viana/Câmara dos Deputados Fonte: Agência Câmara de Notícias
Cleia Viana/Câmara dos Deputados Fonte: Agência Câmara de Notícias
Sob a presidência do deputado Arthur Lira, Câmara aprova projeto classificado pela oposição como Lei da Mordaça

São Paulo – A Câmara dos Deputados realiza, às 16 horas desta terça-feira (2), nova eleição para os cargos de 1º e 2º vice-presidentes, quatro secretários e quatro suplentes da Mesa Diretora. A nova escolha é necessária após o novo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ter revogado a decisão do então presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) de aceitar o registro do bloco de partidos que apoiou o candidato Baleia Rossi (MDB-SP). A revogação foi o primeiro ato de Lira no cargo.

Como o bloco de Rossi passou ser considerado não existente, Lira determinou à Secretaria-Geral da Mesa Diretora o recálculo da distribuição dos cargos, desconsiderando as candidaturas para os demais cargos que foram indicadas por esse bloco.

A formação dos blocos parlamentares influencia a distribuição dos cargos da Mesa. Quanto maior o bloco, a mais cargos tem direito na Mesa.

“Primeiro ato de Artur Lira foi dar um golpe na oposição para mandar na mesa da Câmara. Violência contra a democracia. Mostrou que será um ditador a serviço de Bolsonaro”, disse Gleisi Hoffmann (PT-PR) no Twitter.

Polêmica em torno de prazo

A decisão gira em torno de polêmica sobre o horário de envio do pedido do PT, do PDT e do PSB para adesão e formalização do bloco que reúne PT, MDB, PSB, PSDB, PDT, Solidariedade, PCdoB, Cidadania, PV e Rede.

Esses partidos argumentaram que tiveram problemas técnicos para enviar o pedido de formação do bloco pouco antes do prazo final, ao meio-dia de ontem (1º).

Na ocasião, Rodrigo Maia aceitou o argumento e deferiu a formação do bloco. Na reunião que definiu a distribuição dos cargos, no entanto, ocorreram contestações de partidos que apoiaram Lira.

O 1º vice-presidente da gestão de Rodrigo Maia, deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), questionou a decisão de Maia. Pereira disse que os aliados de Baleia Rossi perderam o prazo.

“Não houve problema no sistema, nós temos uma certidão. Eles perderam o prazo. O prazo era meio-dia, e ele [Rodrigo Maia] está deferindo o PT no bloco do outro candidato, um bloco que não existe”, disse Pereira, após deixar, em protesto, a reunião de líderes realizada antes da eleição desta segunda-feira.

Questão política

Segundo o líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), o bloco que apoiou Arthur Lira queria ganhar a eleição no tapetão e impedir o PT de fazer a segunda escolha. “Isso não tem o menor fundamento. É uma questão política grave. Querem ganhar. Se não bastasse o aliciamento que o governo Bolsonaro fez tentando levar parlamentares para o outro lado, agora querem ganhar no tapetão. Nós tentamos até 11h59 no meu telefone. Eu mostrei o print [de conversa com o secretário-geral da Mesa]”, disse.

Naquele momento, Arthur Lira disse que não tinha interesse em tumultuar a eleição e que ganharia “no voto” para que todos os deputados tenham “representatividade e voz”.

O deputado Alexandre Padilha protestou nas redes sociais: “Lira, na pegada do bolsonarismo ditatorial, no seu 1⁰ ato, tenta aniquilar seus adversários. Não reconhece o bloco formado com vários partidos que apoiaram @Baleia_Rossi, exclui o PT da 1ª secretaria e impede que qualquer partido, que não do seu bloco, ocupe as 6 primeiras vagas”.

Com informações da Agência Câmara de Notícias


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