Negacionismo em baixa

Paulo Pimenta vê ‘mudança de humor e de ambiente’ por impeachment de Bolsonaro

Para petista, ao mesmo tempo em que a pandemia de Covid-19 avança, a maioria da população começou a entender que as pessoas mortas não são apenas números

Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Luis Macedo/Câmara dos Deputados
"Essa mudança do ambiente social é que levará inevitavelmente ao processo de impeachment no Congresso", acredita parlamentar

São Paulo – Na opinião do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), apesar dos mais de 60 pedidos de impeachment protocolados na Câmara contra o presidente Jair Bolsonaro, “é ilusão” esperar que o Congresso deflagre o processo sem pressão da sociedade e mobilização “exigindo uma ruptura institucional, que é o que significa o impeachment”. Porém, para ele, pela primeira vez desde o início do atual governo, é possível observar no país uma “mudança de humor e de ambiente”.

Nos últimos dias, setores de esquerda e direita se manifestaram pedindo o fim do governo Bolsonaro. “São mais setores e pessoas que saem da passividade. Essa mudança do ambiente social é que levará inevitavelmente ao  processo de impeachment no Congresso Nacional”, acredita o deputado.

Em sua opinião, com as atitudes negacionistas do presidente, ao mesmo tempo em que a pandemia de covid-19 avança, a maioria da população começou a entender que as pessoas mortas não são apenas números. “Desprezo pela ciência, pela vacina, pelo oxigênio, mata quem as pessoas conhecem, que têm endereço e família. As pessoas já entendem que cada uma dessas vidas que foram perdidas não é simplesmente parte de uma estatística.”

Câmara

Para Pimenta, o resultado da eleição para a presidência da Câmara, na próxima segunda-feira (1º), pode dificultar um processo de impeachment de Bolsonaro. “A eleição de Arthur Lira é uma tentativa de Bolsonaro de impedir que, mesmo que se crie o ambiente do impeachment, ele tenha alguém de sua confiança na presidência, como fez com o procurador-geral da República (Augusto Aras). E também como tenta controlar a Polícia Federal, a Abin, a Receita Federal”, diz Pimenta.

“Com certeza, se o candidato do Bolsonaro (Lira) vencer, vai ser mais difícil ainda criar o ambiente necessário para derrubá-lo desse lugar onde jamais poderia estar”, avalia o petista. A opinião é a mesma do diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), Antônio Augusto de Queiroz. Salvo surpresas, a eleição da Câmara deverá ser definida entre os deputados Baleia Rossi (MDB-SP), candidato de Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Casa, e Arthur Lira (PP-AL), o nome de Bolsonaro.

CPI do leite condensado

Nesta quarta-feira (27), Bolsonaro reagiu com termos de baixo calão à imprensa, pela divulgação de que seu governo gastou R$ 1,8 bilhão em alimentação, dos quais R$ 15 milhões foram gastos apenas com leite condensado superfaturado. “Vai pra puta que o pariu”, disse o presidente ao microfone de uma churrascaria em Brasília (leia e veja o vídeo aqui).

O deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ) protocolou pedido de abertura de uma “CPI do leite condensado”, para que se investigue os contratos sobre essas compras do governo. “O Congresso Nacional tem que cumprir com seu papel de fiscalizar o governo. É urgente investigarmos os gastos de Bolsonaro com alimentação, principalmente os contratos do Ministério da Defesa. CPI já!”, escreveu Freixo no Twitter.


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