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Forças populares e empresariais começam a articular impeachment de Bolsonaro

Manifestações de esquerda e de direita contra o governo abrem espaço para a formação de uma “frente ampla” pelo impeachment de Bolsonaro

Guilherme Gandolfi/Fotos Públicas
Guilherme Gandolfi/Fotos Públicas
Final de semana foi marcado por manifestações pelo impeachment de Bolsonaro em todo o país

São Paulo – A insatisfação com o governo do presidente Jair Bolsonaro começa a se generalizar por amplos setores da sociedade. A omissão no combate à pandemia e o consequente agravamento da crise econômica, com o aumento do desemprego e avanço da informalidade, tem levado a uma piora do ambiente de negócios, com o fechamento de inúmeras empresas. No último sábado (23), movimentos sociais e partidos de esquerda fizeram carreatas por todo o país em defesa do impeachment de Bolsonaro. No domingo (24), foi a vez de grupos de direita se manifestarem pela saída do presidente.

De acordo com o cientista político e membro do Instituto de Advogados Brasileiros (IAB) Jorge Rubem Folena, o empresariado brasileiro começa a perceber que “não basta ter mão de ferro contra os trabalhadores”. Em entrevista ao Jornal Brasil Atual nesta quarta-feira (27), ele destaca que é preciso ter “um governo de verdade”, com propostas para o desenvolvimento do país.

“Com o agravamento da pandemia, as mortes são muito grandes, como nos Estados Unidos. Só que, por aqui, o governo brasileiro não fez absolutamente nada. Ao não fazer nada, não só prejudicou os trabalhadores como também os empresários. Não dá para sustentar um governo dessa forma. Assim, as forças populares e setores empresarias começam a se articular contra um governo no qual os militares se vincularam”.

Folena destaca que esses descontentamentos em comum abre espaço para a formação de uma “frente ampla” entre esquerda e direita pelo fim do governo Bolsonaro. Um empecilho, segundo ele, é a dificuldade de ocupar as ruas com manifestações contra o governo, em função das restrições impostas pela pandemia. Além disso, o ódio incutido contra a toda a esquerda nos últimos anos, em especial contra o PT, também é um entrave para a articulação entre ambos os lados pelo impeachment de Bolsonaro.

Eleições na Câmara

Já a eleição para o comando da Câmara dos Deputados não é um fator determinante para o futuro do governo Bolsonaro, segundo o especialista. É o presidente da Câmara que tem a prerrogativa de decidir sobre a abertura do processo de impeachment contra o presidente da República. Bolsonaro já soma contra o seu governo 63 pedidos de afastamento. Mais do que a vitória de Baleia Rossi (MDP-SP) ou Arthur Lira (PP-AL), o que vai definir o futuro do atual governo, de acordo com Folena, é a “mobilização da sociedade civil”.

“É a hora de retomarmos as ruas. Não dá mais para continuar com Bolsonaro. Pessoas estão morrendo por asfixia. A falta de oxigênio é agravada pela falta de alimentação, falta de condições salariais. E falta condições para os empresários poderem vender seus produtos da indústria nacional. O país chegou num verdadeiro caos”.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira – Edição: Helder Lima


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