Destruição

‘Em poucos dias, um em cada mil brasileiros terá morrido de covid-19’, diz analista

Cláudio Couto (FGV) também avalia que governo Biden, que assume presidência dos Estados Unidos na próxima semana, pode colocar “freios” a “ações tresloucadas” de Bolsonaro

Alex Pazuello/Semcom
Alex Pazuello/Semcom

São Paulo – Diante da sabotagem do governo federal no combate à pandemia, o número de mortos por covid-19 no Brasil passará em breve da casa dos 212 mil mortos. “O Brasil tem 212 milhões de habitantes. (Ao menos) um em cada mil brasileiros terá morrido de covid-19 durante o governo Bolsonaro”, prevê o cientista político Cláudio Couto. O país ultrapassou a marca de 207 mil mortos pelo novo coronavírus nesta quinta-feira (14).

Para o professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), trata-se de um “governo de destruição”. E não faltam motivos para a abertura de um processo de impeachment.

“É um governo que destrói instituições, que destrói políticas públicas, a natureza, e que destrói vidas”, afirmou em entrevista ao Jornal Brasil Atual, nesta sexta-feira (15).

Eleição no Congresso

Nesse sentido, Couto diz que qualquer revés ao governo Bolsonaro na disputa pela presidência da Câmara e do Senado é importante. Além disso, caso houver a vitória de dois candidatos não alinhados ao governo, um eventual impeachment ficaria mais próximo.

Por isso, ele avalia como um “erro de cálculo” o apoio do PT e outros partidos de oposição ao senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para o comando do Senado. O candidato também tem o apoio de Bolsonaro e do atual presidente da Casa, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Essa opção se deu porque a sua principal adversária, Simone Tebet (MDB-MS), é alinhada ao “lavajatismo”. Mas, segundo Couto, o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro e a “trupe da Lava Jato” estão enfraquecidos, após conluio revelado pela Vaza Jato. “O lavajatismo é cachorro morto. O PT está fugindo de um adversário que não oferece risco tão significativo. O risco hoje é o bolsonarismo”.

Política externa

Após ter sido alvo de críticas do presidente francês, Emmanuel Macron, pela devastação da Amazônia causada pela expansão do agronegócio, o governo brasileiro deve ficar em “maus lençóis” com a chegada de Joe Biden a Casa Branca. Na avaliação do cientista político, Bolsonaro “comprou uma briga” que não é capaz de segurar, ao manifestar apoio aberto à reeleição de Donald Trump.

“Talvez a pressão internacional sobre o Brasil, dos Estados Unidos em especial, pode ser importante para colocar um certo freio nas ações tresloucadas desse governo. Não acredito que coloque um freio completo, mas torna mais custoso prosseguir nessa rota de destruição”.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira – Edição: Cida Oliveira