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Seminário discute alternativas para a esquerda após as eleições municipais

Evento reúne Fernando Haddad, Boaventura de Sousa Santos, Patrus Ananias e Flávia Biroli para conversa sobre futuro da democracia brasileira

Tomaz Silva/Agência Brasil
Tomaz Silva/Agência Brasil
Eleições municipais de 2020 foram marcadas pela pandemia

São Paulo – O ex-prefeito de São Paulo e candidato a presidente em 2018 Fernando Haddad participa nesta quinta-feira (10) do seminário internacional “Pandemia, eleições e o futuro da democracia”. O evento também busca discutir a crise do governo Bolsonaro, as alternativas de esquerda e os desafios para a democracia no Brasil.

O encontro terá transmissão pelas redes sociais da TVT e da Rádio Brasil Atual, a partir das 16h, e terá como palestrante o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos.

Iniciativa do Projeto Democracia Participativa, o seminário é coordenado pelo professor Leonardo Avritzer, do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para o debate com Haddad, também foram convidados o ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias e a professora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Flávia Biroli.

Violência e machismo

Segundo Flávia, o presidente Jair Bolsonaro esteve ausente nas eleições municipais, e os poucos candidatos por ele apoiados foram derrotados, em sua maioria. Contudo, as linguagens e estratégias utilizadas pelos bolsonaristas, como a violência política, o antipetismo, o moralismo e a desinformação estiveram presentes na disputa.

“Diria que a nossa política permanece marcada pelo bolsonarismo, ainda que nesse momento Bolsonaro não tenha se mostrado capaz de exercer liderança política”, afirmou, em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.

Ela destacou, em especial, a violência política contra candidatas mulheres, como foi o caso de Manuela D’Ávila, em Porto Alegre, e Marília Arraes, em Recife, alvos preferenciais desses ataques.

“Não estamos falando apenas de ataques no sentido físico e sexual. Mas um tipo de violência simbólica que procura construir a imagem dessas mulheres como incompetentes e inadequadas para a política”, afirmou Flávia.

Por outro lado, a especialista destacou o avanço das candidaturas femininas nas Câmaras de Vereadores. Apesar do prevalência do conservadorismo, ela também vê avanço nas pautas ligadas à diversidade. Citou, por exemplo, a eleição da professora Duda Salabert (PDT-MG), mulher trans, como a vereadora mais votada de Belo Horizonte.

Disputa

De acordo com Flávia, “não dá para pressupor que o eleitorado é conservador”. Por outro lado, existem ambientes que apostam no ultraconservadorismo como uma espécie de tentativa de conter avanços nos direitos humanos. É o caso, por exemplo, da chamada “ideologia de gênero”, categoria utilizada para barrar políticas de educação sexual e de valorização da diversidade.

O problema, segundo ela, é quando setores progressistas recuam diante desses ataques como forma de conter eventual desgaste eleitoral. “A cada recuo, estamos não apenas cedendo espaço para candidaturas cada vez mais conservadoras, como também contribuindo para uma espécie de pedagogia do conservadorismo entre os eleitores”, apontou.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira. Edição: Glauco Faria


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