Eleições 2020

Perfil dos candidatos vai de servidor e advogado a artistas, ‘capitalistas’ e faxineiros

Um quarto dos candidatos têm ensino fundamental. No conjunto do país, são 40%. E há mais de 240 ocupações declaradas

Reprodução/Montagem RBA
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Entre os candidatos, mais de 11 mil advogados, 2.700 médicos, outro tanto de engenheiros, quase mil faxineiros e igual número de frentistas, além de 560 garçons

São Paulo – Um olhar sobre os mais de 550 mil candidatos às eleições de 2020 mostra perfil socioeconômico distinto da média brasileira. Em relação ao aspecto profissional, as ocupações declaradas à Justiça Eleitoral, 243, refletem a diversidade do mercado de trabalho. E grande parte prescinde de formação em ensino superior.

De acordo com os dados declarados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), praticamente 43% dos candidatos têm ensino médio, completo (38,1%) ou incompleto (4,97%). O percentual fica bem acima da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, que mostra quase 32% com ensino médio, sendo 27,4% completo e 4,5% incompleto. Os dados são de 2019.

A situação se repete no ensino superior. Entre os candidatos deste ano, são 24,3% com formação completa e 4,48%, incompleta, totalizando quase 29%. Pela Pnad, esses números caem para 17,4% e 4%, respectivamente, somando pouco mais de 21%.

Arte RBA
São mais de 200 ocupações declaradas à Justiça Eleitoral pelos candidatos nas eleições deste ano. De 1 a 38 mil

A diferença se alarga na faixa do ensino fundamental. São 25% dos candidatos, 12,21% completo e 12,78% incompleto. No universo pesquisado pelo IBGE, são mais de 40% – 8% completo e 32% incompleto, aponta o instituto.

Entre as 243 ocupações citadas, a que aparece mais vezes – 38.064 – é a de agricultor, que pode designar tanto um trabalhador como um proprietário. Em seguida, com 33.423, aparecem os empresários. Há ainda a categoria de “diretor de empresa”, com predominância de partidos de centro-direita. Dos 191, há 15 do DEM e igual número do MDB, além de 14 de PSD e PSL.

Todo tipo de profissão

Em outra ponta, há 643 candidatos que se declararam bancários ou economiários. Desse total, 81 são filiados ao PT. Há ainda 59 do PP, 58 do MDB e 41 do PT, entre outras legendas.

A lista traz ainda vários profissionais liberais. Casos, por exemplo, de advogados (11.077), médicos (2.734), engenheiros (2.699) e arquitetos (457). E profissões mais populares, como auxiliares de escritório (4.442), cobradores de transporte coletivo (191), faxineiros (991), frentistas (938), garis ou lixeiros (507), padeiros ou confeiteiros (1.256), cozinheiros (1.870), carpinteiros/marceneiros (1.306), barbeiros/cabeleireiros (5.963), garçons (558), feirantes/ambulantes/mascates (536) e até cantores ou compositores (786).

Tem 53 artistas de circo – sendo sete do PV e quatro de PCdoB, PL e PSB. Ou 42 cientistas políticos tentando ir para o lado de lá do balcão, com fragmentação partidária: quatro de MDB, PCdoB, PDT e Psol, três de PSDB e PT. Na relação de candidatos aparecem ainda 59 coveiros, sendo oito do Republicanos, cinco do PSDB, mais cinco do MDB e quatro do Patriota. E um solitário diplomata, este do PDT. Outros sete se identificaram como “capitalistas de ativos financeiros”, espalhados entre Podemos (dois), MDB, PP, PSC, PTB e Republicanos.

Categoria em evidência por uma paralisação recente, os motoboys somam 1.320 entre os candidatos. Ao contrário do que se poderia supor, predominam partidos conservadores. São 80 do Republicanos, 75 do DEM e 72 do PSD, por exemplo, de acordo com levantamento do site Congresso em Foco. Entre as legendas consideradas mais progressistas, o PSB tem 66 e o PT, 60.


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