Unidade

‘No meu quintal não tem espaço para plantar ódio’, diz Tatto

Candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Jilmar Tatto diz que sai de cabeça erguida porque recuperou votos na periferia. E promete envolvimento total para eleger Boulos “e derrotar os tucanos” em São Paulo

Cyla Ramos/Fotos Públicas
Cyla Ramos/Fotos Públicas
Em passeata no centro de São Paulo, Boulos e Tatto fazem primeiro ato conjunto na campanha do segundo turno

São Paulo – O candidato derrotado do PT à prefeitura de São Paulo, Jilmar Tatto, classificou como “inoportunas” as pressões para que se retirasse da corrida na reta final da disputa pela prefeitura de São Paulo. Apesar disso, ele disse que “sai de cabeça erguida”, por ter reconquistado os votos do PT na periferia da capital. E prometeu “envolvimento total” para tentar eleger Guilherme Boulos (Psol) no segundo turno.

“Achavam que eu não iria fazer campanha para o Boulos, que eu iria fazer corpo mole. Nada disso, nosso projeto é um projeto maior. O povo está sofrendo, desempregado, doente, precisando de comida. Não nos dá o direito de ficar vacilando nesse momento”, afirmou, em entrevista a Glauco Faria no Jornal Brasil Atual. “No meu quintal, não tem espaço para plantar ódio.”

Ontem (17), Tatto e Boulos se reuniram para acertar os detalhes das ações conjuntas de campanha. Já nesta quarta-feira (18), os dois, além do candidato derrotado do PCdoB, Orlando Silva, fazem uma caminhada pelas ruas do centro da capital. Além disso, estão previstas diversas carreatas em apoio à chapa do Psol, em diversas regiões da cidade.

Tatto afirmou também que tanto ele como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-prefeito Fernando Haddad poderão gravar mensagens de apoio a Boulos para serem veiculadas no horário eleitoral.

“Já estamos em campanha, mobilizando todos os nossos filiados e diretórios zonais. Vamos mobilizar também os sindicatos em que o PT tem boa relação, os movimentos sociais”, ressaltou.

Ademais, o petista destacou que os resultados das urnas apontam que foi correta a sua decisão de se manter na corrida. “Tinha certeza absoluta que se eu retirasse minha candidatura, Bruno Covas (PSDB) poderia ganhar no primeiro turno”, afirmou.

Complementaridade

Tatto destacou que “o voto da esquerda está acontecendo na periferia”. Por outro lado, destacou que o candidato do Psol teve boa votação nos bairros de classe média. “Se somar os votos meus e do Boulos em todo o ‘cinturão vermelho’, os bairros da periferia, a gente ganha do Bruno Covas”, declarou.

Tatto registrou, por exemplo, votação expressiva nos distritos do Grajaú, Paralheiros e Piraporinha, na zona sul da capital. O mesmo ocorreu também em Cidade Tiradentes, na zona leste. O que prejudicou, segundo ele, foi a falta de “recall”, já que ele não havia sido candidato em eleições majoritárias anteriormente.

Apesar desse avanço, o candidato disse que o PT “envelheceu” e precisa “se reinventar”, para se aproximar do eleitorado jovem das periferias. ” Precisamos reinventar nossas práticas, no sentido de saber quais são os problemas dessa juventude. Além do novo perfil da classe trabalhadora, com os entregadores de aplicativos, por exemplo”.

Além disso, Tatto afirmou que o apoio quase imediato a Boulos, assim como a outros candidatos do campo progressista em outras capitais, revela “amadurecimento” do PT. Esse tipo de arranjo sinaliza, ainda, a possibilidade da construção de uma “frente democrático-popular” nas eleições de 2022, com vistas a derrotar o atual presidente Jair Bolsonaro.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira. Edição: Glauco Faria


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