Ato virtual nesta terça

Manifesto de trabalhadores da Saúde cita ‘genocídio’ na pandemia e quer punição a Bolsonaro

Rede internacional de profissionais de saúde lança nesta terça, 19h, manifesto político, cultural e ecumênico com ativistas, artistas, religiosos e lideranças sindicais

Reprodução/UNI Americas
Reprodução/UNI Americas
Manifesto “Não nos Calarão – O genocídio e a crise da Covid-19” responsabiliza governo Bolsonaro pelos mais de 6 milhões de casos e 170 mil mortes

São Paulo – Artistas, religiosos, profissionais de saúde, ativistas pelo trabalho decente, pela saúde e pela paz pedem a responsabilização das autoridades pela negligência no enfrentamento à pandemia da covid-19. E promove nesta terça-feira (24), das 19h às 21h45, o lançamento virtual de um manifesto intitulado “Não nos Calarão – O genocídio e a crise da Covid-19”. Para os organizadores – a Rede Sindical UNISaúde – o governo de Jair Bolsonaro é cúmplice de um genocídio de brasileiros, sobretudo os mais pobres, entre eles indígenas e quilombolas. E também de milhares de profissionais de saúde obrigados a atuar em péssimas condições de trabalho.

Sob a ótica desse universo de vítimas da covid-19, o manifesto político, cultural e religioso terá participação de vários convidados especiais. Entre eles o ativista argentino e Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, a líder budista Monja Coen, o padre católico Júlio Lancellotti, a psicóloga Rejane Pafej Kaingangue (primeira indígena formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Os músicos Chico César, Mônica Salmaso e Teco Cardoso farão apresentações. Haverá também manifestações de lideranças sindicais da CUT, UGT e CSP-Conlutas e do setor da saúde do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

A condução do evento ficará a cargo da atriz e poeta Luz Ribeiro e, ao longo da transmissão, está previsto um ato ecumênico, além das intervenções artísticas e culturais, com homenagens a todas as vítimas da covid-19. O Brasil tem oficialmente mais de 6 milhões de casos de covid-19 e 170 mil mortes pela doença provocada pelo novo coronavírus.

Assista ao vídeo de apresentação do evento


Genocídio

“No começo da pandemia, profissionais de saúde foram alçados ao posto de heróis e o que se viu depois foi total descaso, como desemprego, condições precárias de trabalho, incluindo a de equipamentos de proteção Individual e de testagem”, lembra Márcio Monzane, secretário regional da UNI Americas, à qual é integrada a Rede Sindical Brasileira UNISaúde. A organização reúne 40 entidades sindicais, que representam mais de um milhão de profissionais das redes de saúde pública e privada, em 18 estados e no Distrito Federal. A UNI Americas, por sua vez, é o braço latino-americano da UNI Global, entidade sindical mundial, com sede na Suíça, que representa mais de 20 milhões de trabalhadores do setor de serviços em três continentes.

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Monzane observa que desde o início da pandemia o presidente Jair Bolsonaro minimizou a gravidade da crise sanitária. “Chamou de gripezinha, deu péssimos exemplos ao promover aglomerações e não usar máscara, publicou decretos que dificultaram a assistência médica e até o acesso de indígenas e quilombolas a água potável. Foram medidas responsáveis pelo elevado índice de contaminações e mortes entre esses povos”, afirma o dirigente, para quem não há outra palavra para definir a conduta da maior autoridade do país: “O que ele fez contra os profissionais de saúde e, especialmente, esses grupos étnicos foi um genocídio”.

De acordo com Marcio Monzane, o lema escolhido para o evento – “Não nos calarão! O genocídio e a crise da Covid-19” – é uma forma de deixar explícita a resistência dos profissionais de saúde e demais vítimas da pandemia no Brasil. “E de enfatizar que continuarão lutando, especialmente agora que o país já pode estar vivendo uma segunda onda da doença.”

Profissionais de saúde

No universo de profissionais de saúde, houve 370 mil casos confirmados da doença, conforme o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, e quase 400 mortes. A Rede UNI Saúde pondera, porém, que os dados estão subnotificados devido a problemas no sistema em que são cadastradas as informações pelas secretarias estaduais de saúde.

Em julho passado, a organização apresentou uma queixa assinada por 63 entidades ao Tribunal Penal Internacional de Haia, na Holanda. A iniciativa acusou o governo Bolsonaro de genocídio e de crime contra a humanidade. A queixa foi suspensa pelo tribunal, mas ainda é possível recorrer. Durante o evento desta terça à noite, a coalizão pretende reafirmar compromisso de seguir lutando para que o governo brasileiro seja responsabilizado legalmente por sua má gestão e omissão frente à pandemia.


Como acompanhar

“Não nos calarão! O genocídio e a crise da Covid-19”
Terça, 24/11, das 19h às 21h45
Nas plataformas www.manifao.org
E no canal do Youtube: UNI Americas Comunicación