"Esquemas"

Em Manaus, Amazonino lidera. Disputa pela segunda vaga tem envolvidos em denúncias

Em segundo nas pesquisas, ex-governador interino David Almeida é alvo de CPI da Saúde. Ricardo Nicolau é dono de rede privada de hospitais, mas diz que vai defender saúde pública

Reprodução/Facebook
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Amazonino vai em busca do quarto mandato como prefeito de Manaus. Nicolau é alvo de denúncias por abuso de poder econômico ligado a hospital

São Paulo – Políticos tradicionais disputam a ponta na corrida pela prefeitura da capital do Amazonas, Manaus. O candidato Amazonino Mendes (Podemos) aparece em primeiro lugar nas pesquisas. Em seguida, o ex-governador interino David Almeida (Avante) e o deputado estadual Ricardo Nicolau (PSD) aparecem empatados na disputa pela outra vaga no segundo turno. Logo atrás, mas tecnicamente “embolado” está o deputado federal Zé Ricardo (PT).

Amazonino é o principal nome da política amazonense. Aos 80 anos, ele já comandou a capital por três mandatos, além de ter sido governador por quatro mandatos. Ao longo de sua trajetória, passou por oito partidos. Com 24% das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha divulgada quarta-feira (11), Amazonino também lidera no quesito rejeição, repudiado por 30% do eleitorado manauara.

Na mesma pesquisa, aparece com 18%, enquanto Ricardo Nicolau tem 14% e Zé Ricardo, 9%. Com margem de erro de quatro pontos percentuais, o cenário é imprevisível, segundo o analista.

“Amazonino tem a maior intenção de votos, até porque é o mais conhecido. É também o que tem a maior rejeição. O segundo é um ex-governador interino, ex-deputado, ligado a esquemas de governadores e tudo o mais. Em terceiro, um outsider dos esquemas políticos, mas que está dentro desses esquemas do ponto de vista econômico”, comentou Milton Pomar, que é mestre em Estado, Governo e Políticas Públicas pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). O analista foi entrevistado pelo Jornal Brasil Atual, nesta sexta-feira (13).

Saúde na mira

Manaus foi a primeira capital do país a registrar colapso nos sistemas de saúde e funerário, em abril, em decorrência da pandemia do novo coronavírus. A situação dramática foi vista como oportunidade para Ricardo Nicolau, já que sua família é dona da Samel, a maior rede de hospitais privados do estado. Contudo, no começo da campanha, ele tinha apenas 5% das intenções de votos.

A Samel foi responsável pela administração do hospital de campanha montado às pressas durante o auge da crise, em maio, por meio de uma parceria público-privada com a prefeitura de Manaus. Pomar comentou as contradições e conflitos de interesses: “O cara que ganhou a vida na saúde privada vem dizer que vai defender a saúde pública?”.

De acordo com reportagem do site The Intercept Brasil, Nicolau utilizou o acesso privilegiado ao local para fazer campanha junto aos pacientes, se apresentando como o principal responsável pelos cuidados aos infectados. Ele também gravou imagens no interior do hospital que hoje são usadas na sua propaganda eleitoral. Até mesmo o banco de dados dos pacientes estaria sendo utilizado eleitoralmente.

Tais práticas foram alvo de denúncias na Justiça Eleitoral, por abuso de poder econômico. Contudo, as queixas apresentadas pelos seus adversários caíram nas mãos da juíza eleitoral Margareth Rose Cruz Hoaegen. Mas, segundo a reportagem, a juíza é amiga da cunhada do denunciado. Em duas das quatro denúncias, ela decidiu que a associação Nicolau com a Simel é inegável, mas não é um problema já que “a empresa de saúde faz parte da trajetória do candidato”.

Por outro lado, David Almeida também é alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Assembleia Legislativa do Amazonas, por desvios na área da Saúde, quando governou interinamente o estado, entre 2017 e 2018. Contudo, o candidato nega as acusações e diz se tratar de perseguição política promovida por deputados aliados de Amazonino.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira


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