Roda Viva

‘Direitos estão na Constituição’, diz Boulos. Covas defende ‘responsabilidade fiscal’

“Taxar (a campanha) de radical é sintoma de quanto a gente recuou em direitos sociais”, disse candidato do Psol. Tucano defendeu vice, Ricardo Nunes, acusado de supostamente agredir esposa

Divulgação / TV Cultura
Divulgação / TV Cultura
Candidatos participaram de "Roda Viva Especial", na reta final da disputa pela prefeitura paulistana

São Paulo – A TV Cultura realizou na noite desta segunda-feira (23) um “Roda Viva Especial”, com a participação de Guilherme Boulos (Psolo) e Bruno Covas (PSDB), que disputam o segundo turno da eleição para a prefeitura de São Paulo no próximo domingo (29). O programa figurou nos trending topics do Twitter enquanto esteve no ar. O candidato de esquerda enfrentou questionamentos sobre seu propalado “radicalismo”, utopismo e falta de experiência, e o atual prefeito sobre seu vice, o vereador Ricardo Nunes (MDB), considerado uma “saia justa” que o candidato à reeleição enfrenta na campanha.

“Tentar me imputar de forma negativa a pecha de radical ou extremista só expressa o momento sombrio que a gente está vivendo” , respondeu Boulos. “É radicalismo que a pessoa possa ter uma casa?” Ele acrescentou que o direito à saúde e educação de qualidade são garantidos pela Constituição. “Taxar (a campanha) de radical é sintoma de quanto a gente recuou em termos de direitos sociais”, disse o candidato do Psol.

A respeito de seu vice, Covas afirmou que “não há denúncia contra Ricardo Nunes” e que ele continua com a esposa. “Não há uma denúncia sequer de agressão envolvendo o vereador Ricardo Nunes. Dez anos atrás teve um desentendimento dele com a Regina, sua esposa”, disse o tucano, sobre suposto caso de agressão de Nunes a sua mulher.

“Em relação as creches, a mesma coisa. Não há sequer uma denúncia”, defendeu o prefeito. Já a Folha de S. Paulo afirmou ter encontrado “empresas ligadas a assessores e servidores indicados por Nunes que fazem negócios entre si e também com as creches (conveniadas da prefeitura)”.

Em reportagem, o jornal relata haver pelo menos sete prédios de equipamentos ligados à educação “alugados por empresas de servidores ou ex-servidores do núcleo de apoio político de Nunes” e, de acordo com dados do portal de transparência, as unidades rendem mais de R$ 1,4 milhão por ano em aluguéis.

Racismo

Ambos os candidatos foram questionados sobre racismo, após o brutal assassinato de João Alberto Silveira Freitas, negro de 40 anos espancado até a morte por dois seguranças de uma unidade do Carrefour na zona norte de Porto Alegre, na noite de quinta-feira (19).

Para Boulos, foi uma “cena de barbaridade” e “dói mais porque não é um caso isolado”. “A política de combate ao racismo não pode ser uma gaveta, uma secretaria, mas (uma política) transversal, com politicas nas várias áreas”, disse. Ele se comprometeu a introduzir ensino de cultura africana nas escolas municipais. Segundo o candidato do Psol, o combate ao racismo “começa dentro da sala de aula”.

Covas mencionou que Elza Paulina Souza, negra, comanda a Guarda Civil Metropolitana (GCM). O combate ao racismo “não pode ser um tema de esquerda ou direita, é um tema progressista”, disse. Ele afirmou que, se for reeleito, irá aumentar a participação de pessoas negras em seu governo, hoje reduzida a Elza.

Coronavírus

Os candidatos também foram questionados sobre a pandemia de coronavírus. “Doria e Bolsonaro fazem politicagem em torno da vacina”, atacou Boulos. O candidato reforçou sistematicamente o fato de o governador João Doria e Covas serem correligionários do PSDB. “Vamos fazer o que deveria ter sido feito há oito meses e não foi: contratar médicos.”

O tucano foi questionado sobre políticas que adotou durante a crise sanitária e estratégias consideradas equivocadas por especialistas, como o rodízio de placas pares e ímpares de veículos particulares, adotado no início de maio, do qual o prefeito recuou em seguida. Também foi perguntado se novas medidas de isolamento seriam adotadas apenas depois do segundo turno. Ele negou. “Na cidade não há nenhum dado escondido, aguardando o segundo turno.”

Direta ou indiretamente, Boulos foi questionado sobre sua falta de experiência administrativa. A jornalista Vera Magalhães, por exemplo, ironizou, sobre como o candidato enfrentaria a complexidade com “esse mundo utópico, meio colorido, que o senhor está pintando, nessa sua nova fase paz e amor”.

‘Cidade colorida e maravilhosa’

A apresentadora recebeu a ironia de volta. “Os meus momentos, de ver mais colorido, é quando eu paro pra ver a propaganda do Bruno Covas. Aquela cidade da propaganda do Bruno Covas é colorida e maravilhosa. Pena que não é a São Paulo real”, respondeu Boulos. Em 2016, Vera publicou uma agressão ao hoje candidato, no Twitter. “A Folha vai manter o Guilherme Boulos entre seus colunistas? Uma coisa é pluralismo. Outra é banditismo puro e simples”, escreveu.

Nas considerações finais, o postulante do Psol à prefeitura paulistana voltou a rebater as alegações de falta de experiência, e disse que sua eventual gestão vai “levar uma experiência nova, de outro tipo, não dos mesmos de sempre, mas de quem vive e luta ao lado dos que mais precisam”. Acrescentou que, se eleito, seu governo contará com “a experiência de gestão da Luiza Erundina”.

Covas pediu ao eleitorado para “comparar quem já fez por São Paulo com quem está preso ao radicalismo”. Destacou que “justiça social se faz com responsabilidade fiscal e requer experiência e pés no chão”.

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