Rio de Janeiro

Bolsonarismo perde com Crivella, mas vence em São Gonçalo

Professora Mayra Goulart (UFRJ) diz que, apesar da derrota, Crivella permanece forte localmente, principalmente entre os evangélicos e conservadores. Ela também criticou a vitória do candidato gonçalense apoiado por Bolsonaro

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Polo bolsonarista se moveu da capital para o cidade no leste do estado

São Paulo – Nas eleições municipais, quase dois em cada três (63%) candidatos que buscavam a reeleição saíram vitoriosos. Não foi o caso do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos). Apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, o líder religioso teve 35,93% dos votos válidos, contra 64,07% de Eduardo Paes (DEM), que volta ao comando da capital fluminense.

“Ele não conseguiu a reeleição porque sua administração estava muito mal avaliada entre a população. Quase 70% de índice de rejeição. Então já era de se esperar que ele não fosse conseguir vencer”, avaliou a professora de Ciências Políticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mayra Goulart, em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual desta segunda-feira (30).

Apesar do fracasso na disputa, a especialista diz que Crivella ainda se mantém como uma liderança importante no plano local. Com quase um terço dos eleitores que foram às urnas, sobretudo com apoio entre os evangélicos e conservadores, ele deve retornar ao Legislativo. Uma opção, segundo Mayra, é tentar voltar ao Senado nas eleições de 2022.

Contudo, ela vê com preocupação o discurso religioso sectário adotado por Crivella durante o segundo turno. Nos debates, ele proferiu comentários homofóbicos e agrediu religiões de matrizes afro-brasileiras. “Não acredito que o segmento evangélico se veja completamente representado nessa postura agressiva com minorias, que beira o extremismo religioso”, afirmou.

São Gonçalo

A segunda cidade mais populosa do estado, São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, teve disputa acirrada no segundo turno. Com 50,79% do votos válidos, Capitão Nelson (Avante) foi eleito prefeito, contra Dimas Gadelha (PT), que teve 49,29%. Bolsonaro chegou a gravar vídeo para o ex-policial militar. Ele, inclusive, chegou a ser citado, em 2008, na CPI das Milícias, como suspeito de chefiar um grupo paramilitar na cidade.

Por outro lado, Dimas fazia parte do “consórcio das esquerdas”, grupo que reúne lideranças progressistas que se inspiraram nas políticas sociais adotadas pelos gestões petistas em Maricá, reduto do partido desde 2008. Desse bloco, também faz parte Axel Grael (PDT), eleito prefeito de Niterói, no primeiro turno.

Mayra lamentou a derrota desse “consórcio” em São Gonçalo. Ao mesmo tempo, o engajamento de Bolsonaro na candidatura adversária revela a importância, segundo ela, desse tipo de “experimento”.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira. Edição: Glauco Faria


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