eleições municipais

Esquerda tem chances de disputar segundo turno em São Paulo, avalia cientista político

Cientista político cita a corrida eleitoral de 2012 como exemplo, com Russomanno liderando pesquisas boa parte do tempo, mas com Haddad eleito

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O terceiro colocado nas pesquisas é Guilherme Boulos (Psol), com 10%. Em quinto, está o candidato do PT, Jilmar Tatto, que figura com 4%

São Paulo – A pesquisa de intenções de votos do Ibope, divulgada nesta quinta-feira (15), indica Celso Russomanno (Republicanos) e Bruno Covas (PSDB) liderando a disputa pela prefeitura paulistana. Entretanto, o cientista político Aldo Fornazieri acredita que as previsões com base em levantamentos a esta altura são prematuras e a esquerda poderá disputar o segundo turno das eleições.

De acordo com o Ibope, Russomanno aparece com 25% das intenções de voto, enquanto o atual prefeito Covas tem 22%. O terceiro é Guilherme Boulos (Psol), com 10%, Márcio França (PSB) aparece com 7% e o candidato do PT, Jilmar Tatto, figura com 4%.

Para o professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, ainda não é possível prever qual será o cenário para o dia das eleições, já que a propaganda eleitoral começou recentemente. “Ainda é tudo prematuro. A própria pesquisa mostra que na espontânea 40% ainda não tem voto definido, então dá para dizer que a eleição está em aberto“, afirma, em entrevista ao Jornal Brasil Atual.

O cientista político cita a corrida eleitoral de 2012, em São Paulo, como exemplo. Naquele ano, as primeiras pesquisas de intenção de voto colocavam José Serra (PSDB) e Russomanno, então candidato do PRB, com 26% cada, e Fernando Haddad (PT) com 9%, cinco dias antes do início do horário eleitoral. Meses depois, o petista foi eleito.

“Acredito que o Covas tem maior chance de ir para o segundo turno, porque os votos do Russomanno não se sustentam. Também acho que a esquerda, através de Boulos ou Tatto, também possui chances de ir para um segundo turno”, diz Fornazieri.

Acompanhe a entrevista

Influências

Com mais tempo de TV e favorecido pela agenda da prefeitura, Bruno Covas foi o único candidato que apresentou queda na taxa de rejeição, indo de 31% para 23%. Russomanno ultrapassou o tucano no percentual de paulistanos que não votariam nele, de 27% para 30%. O Ibope ouviu 1.001 eleitores de São Paulo entre os dias 13 e 15 de outubro.

Nas eleições municipais de 2020, Aldo Fornazieri afirma que as TV e o rádio terão maior influência no voto do eleitor, substituindo em parte o espaço conquistado pelo WhatsApp na corrida presidencial de 2018. “Como a campanha de rua e encontros estão sofrendo a restrição pela pandemia, penso que a televisão e o rádio podem recuperar essa influência. Os candidatos com pouco tempo de rádio e televisão irão tentar compensar nas redes sociais.”

Outro apontamento feito pelo cientista político se diz respeito à nacionalização do pleito municipal. O especialista é enfático ao dizer que as questões nacionais não interferem tanto na escolha nas cidades. “Os candidatos que buscam uma politização nacional tendem a perder. Em São Paulo, quem mais tenta nacionalizar a campanha é Russomanno, vinculando-se ao presidente da República. É duvidoso que esse tipo de estratégia tenha efeito”, explicou o professor.