Efeitos da exclusão

Combate à fome tem que ser política de Estado, defende José Graziano

O ex-diretor da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO-ONU), José Graziano, falou ao Entre Vistas, da TVT, sobre a volta do fantasma da fome no país

Pixabay
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"Tiraram os pobres do orçamento neste país. Descontinuaram as políticas de proteção social", afirma Graziano

São Paulo – “Quem já passou fome passa a ter medo até o fim da vida”, disse o jornalista Juca Kfouri, apresentador do programa Entre Vistas, da Rede TVT na edição da última quinta-feira (22). Ele conversou com o ex-diretor geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação FAO/ONU e mentor do programa Fome Zero no Brasil, José Graziano. Em pauta, o retorno da fome no país, com o empobrecimento da população aprofundado após o golpe de 2016.

“Por que o Brasil volta para o Mapa da Fome?”, inicia Graziano. “As razões são várias. Tiraram os pobres do orçamento neste país. Descontinuaram as políticas de proteção social. O Bolsa Família foi congelado. Desmontaram as políticas de segurança alimentar e nutricional, apesar da Constituição brasileira garantir em seu artigo 6º a alimentação saudável a todos”, completou.

Ato político

Graziano defende que o combate à fome e o estímulo à alimentação saudável deveriam ser políticas de Estado e não reféns de vontades de grupos que assumem temporariamente o Planalto. “Deveria ser obrigatório manter. A única coisa que se manteve, a duras penas, é a política de merenda escolar, que tem uma gestão autônoma e permitiu preservar a boa alimentação das crianças”, disse, sobre a política que privilegia a utilização de alimentos saudáveis vindos da agricultura familiar.

Questionado por Juca se comer é um ato político, Graziano defende que “devemos utilizar a fome como arma política para acabar com ela. Enquanto tivermos uma fome envergonhada, enquanto não tivermos uma luta organizada, como fez o Betinho, o Josué de Castro, como fizemos no governo Lula, não vamos conseguir erradicar a fome. Devemos fazer do comer um ato político, sem a menor dúvida”.

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