"Amigo" da corte

Bolsonaro anuncia desembargador Kassio Marques para o STF

Presidente afirma que indicação será publicada no Diário Oficial desta sexta. Desembargador do TRF1 ficou conhecido por liberar compra de lagosta e vinhos finos para o STF

Samuel Figueira/TRF-1
Samuel Figueira/TRF-1
Kássio Nunes Marques, desembargador do TRF-1, foi escolhido por Bolsonaro para o STF. Indicação que desagradou parte dos apoiadores do presidente, ele terá de passar por sabatina no Senado para ser aprovado

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro anunciou hoje (1º) que vai indicar oficialmente o desembargador Kassio Nunes, do TRF-1, para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) atualmente ocupada pelo ministro Celso de Mello, que se aposenta em 13 de outubro. A indicação, segundo o presidente, será publicada no Diário Oficial de amanhã. “Sai publicado amanhã, no Diário Oficial da União, o nome do Kassio Marques para a nossa primeira vaga do Supremo Tribunal Federal”, confirmou.

A indicação desagradou boa parte dos aliados da extrema direita, discípulos de Olavo de Carvalho, que chamam Marques de “petista”. O ministro Luiz Fux, presidente do STF, também demonstrou incômodo com o escolhido por Bolsonaro.

Fux já se manifestou pela nomeação mais técnica, de um juiz de carreira. Ele tem demonstrado que gostaria que a escolha recaísse sobre um dos ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça), onde seu nome de preferência é Luis Salomão.

A decisão de Bolsonaro por Nunes é tida como mais uma barganha política com o Centrão. O desembargador não é magistrado de carreira e chegou ao cargo na vaga reservada a advogados.

Kassio Nunes Marque é natural de Teresina e se formou pela UFPI (Universidade Federal do Piauí). O desembargador foi responsável pela decisão que, em maio do ano passado, liberou a licitação do STF que previa a compra de itens considerados de luxo como lagosta e vinhos premiados. O pregão, estimado em R$ 1,1 milhão tinha sido suspenso por decisão de primeira instância da Justiça Federal do Distrito Federal.

Para ser oficializado no cargo, ele ainda precisará ser sabatinado pelo Senado.

Perfil definido para 2021

Em live nesta quinta ao lado do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, Bolsonaro falou sobre a segunda vaga que vai indicar ao STF, que será aberta em 2021, com a aposentadoria de Marco Aurélio Melo. O presidente, porém, já antecipou o perfil de seu futuro indicado. “Nós temos uma vaga prevista para o ano que vem. Essa segunda vaga vai ser para um evangélico.”

O presidente chegou a citar o ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira. “Tem um nome aí que foi muito cogitado como ‘supremável’, o nosso querido ministro André Mendonça. Não tá descartado não, André tá na fita, Jorge tá na fita. São ligados a mim constantemente. Se tem mais gente na fita? Tem”, afirmou.

Em seguida, Bolsonaro voltou a declarar que privilegiará alguém “terrivelmente evangélico”, com quem tenha intimidade. “Primeiro pré-requisito: tem que ser evangélico. Terrivelmente evangélico. Outro: tem que tomar tubaína comigo. Não adianta chegar currículo agora aqui, maravilhoso, 10 no currículo. Se eu não conhecer, eu não vou indicar”, disse o chefe do Planalto.

Bolsonaro aproveitou para criticar apoiadores que pediram o nome de Sérgio Moro para o cargo no STF. “O ano passado todo até mais ou menos abril, vocês queriam quem pro Supremo? Vocês não queriam o Sergio Moro no Supremo? E me ameaçavam o tempo todo. Agora, você quer que eu troque o Kassio pelo Sergio Moro? A questão da amizade é muito importante.”


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