"Projeto de nação"

Lula, em anúncio de plano do PT: ‘Estamos perdendo até o direito de comer’

Ex-presidente questionou sobre o que falta piorar para o país recuperar a sua capacidade de indignação. Já a ex-presidenta Dilma alertou para o retorno do Brasil ao mapa da fome

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Lula: “É mais fácil destruir do que construir”. Para o ex-presidente, a destruição dos direitos sociais foi tão grande nos últimos anos que a esquerda e os movimentos sociais não souberam reagir

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o povo brasileiro está perdendo a capacidade de sonhar. “Estamos perdendo até o direito de comer, que nós tínhamos conquistado”, afirmou durante o lançamento do Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil, pelo PT, nesta segunda-feira (21). “O que está restando agravar, nesse país, para a gente retomar a nossa capacidade de luta?”, questionou. Para Lula, a política de segurança alimentar tem que ser uma prioridade de qualquer governo. O ex-presidente destacou que não é o agronegócio que leva comida para a mesa dos brasileiros. Mas os pequenos e médios produtores da agricultura familiar.

Ele também citou relatório da ONG Oxfam Brasil, para destacar o crescimento da desigualdade, no Brasil e no mundo, durante a pandemia. Enquanto 400 milhões de pessoas perderam o emprego, em todo o mundo, os 25% que estão no topo da pirâmide ficaram R$ 1,3 trilhão mais ricos. “Que esse programa faça a gente recuperar a nossa capacidade de indignação”. Segundo Lula, não se trata de um plano do PT. Mas um “plano de Nação”, para ser feito por “muito mais” de um partido político. “As pessoas não conseguem mais viver do jeito que estamos vivendo”, afirmou.

Durante a transmissão do lançamento do plano, houve intervenções de lideranças do PCdoB (Flávio Dino), Psol (Marcelo Freixo), PDT (Manoel Dias), PSB (Ricardo Coutinho). Falaram também centrais sindicais CUT (Sérgio Nobre), UGT (Ricardo Patah), Força Sindical (Miguel Torres) e CTB (Adilson Araújo), da CTB. Além do MST (João Paulo Rodrigues).

Destruição

O presidente destacou que “é mais fácil destruir do que construir”. E que a destruição dos direitos sociais foi tão grande, nos últimos anos, que a esquerda e os movimentos sociais não souberam reagir. Essa destruição foi se baseou na narrativa de que “o Estado gasta muito, e não serve para nada”.

Lula voltou a defender a inclusão dos pobres e dos trabalhadores no Orçamento. Através dos salários e direitos trabalhistas, a população amplia o consumo, fortalecendo todos os setores da produção. “Mas essa gente pensa exatamente o contrário”, criticou.

“Fazem política fiscal, mas não pensam em política social. Pensam em meta de inflação, mas não pensam em meta de emprego. Essas coisas não podem ser separadas”.

Dilma

Para a ex-presidenta Dilma Rousseff, o plano do proposto pelo PT apresenta soluções para construir as bases de retomada do desenvolvimento do Brasil. Ela defendeu a taxação das grandes fortunas para financiar a extensão do auxílio emergencial até o final da pandemia. Os recursos arrecadados dos mais ricos também serviria, segundo ela, para garantir políticas de segurança alimentar.

A redução do auxílio emergencial – de R$ 600 para R$ 300, até o final do ano – vai produzir, segundo Dilma, um aumento “sistemático” e “em saltos” da fome no Brasil. “Nós tiramos o Brasil do mapa da fome, em 2014. E eles, agora, voltaram. Já neste mês temos 4,6 milhões de pessoas com insegurança alimentar”.

Confira íntegra do plano


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