ESTRATÉGIA

MPF dirigiu delação de Orlando Diniz contra advogados

Delação de empresário, que foi conduzida por procuradores, resultou em 50 mandados de busca e apreensão, no último dia 9

REPRODUÇÃO
REPRODUÇÃO
Em alguns momentos, o Orlando Diniz discorda do texto atribuído a ele, os procuradores desconversam e afirmam que vão detalhar nos anexos

São Paulo – A delação do empresário Orlando Diniz teve suas respostas dirigidas pelo Ministério Público Federal (MPF). Uma reportagem do Conjur mostra que a procuradora Renata Ribeiro Baptista explica o que Diniz quis dizer. Em alguns momentos, o empresário discorda do texto atribuído a ele, os procuradores desconversam e afirmam que vão detalhar nos anexos.

Em um dos momentos, Orlando Diniz diz que os contratos fechados com o escritório de Cristiano Zanin foram legais. Entretanto, a procuradora o convence de que ele deve dizer que foram ilegais. “Foram formais, mas ilegais”, ela dirige. Mais à frente, ele diz para ela colocar o que quiser: “Fica a seu critério”.

O ex-presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) também corrige a “informação” de que Adriana Ancelmo, esposa de Sérgio Cabral, faria parte do “núcleo duro” do suposto esquema. Entretanto, o procurador diz que o empresário está tentando proteger Adriana.

Orlando Diniz chega a corrigir algumas passagens e mostrar discordância sobre o texto atribuído a ele. Os ajustes das versões são feitos ali, na hora. Quando Diniz não entende os trechos, os procuradores explicam o que ele tem de referendar, como se fosse a primeira vez que ele ouvia aquilo.

“Fica clara a estratégia do Ministério Público: prender, pressionar, ‘negociar’ a delação até que ela atinja quem os procuradores querem. Dirigir, criar uma narrativa, conseguir as manchetes que vão equivaler a uma condenação pela opinião pública”, aponta do texto do Consultor Jurídico.

Delação

A delação de Orlando Diniz resultou, na última quarta-feira (9), em 50 mandados de busca e apreensão contra advogados e empresas. A decisão foi dada pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, um dos alvos da ação, classificou como “retaliação” e “caluniosa” a delação feita por Orlando Diniz.

Na ocasião, o advogado Cristiano Zanin, que faz a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e também foi atingido pelas ações da Lava Jato na semana passada, afirmou que o juiz da Lava Jato no Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, busca intimidá-lo para atrapalhar seu trabalho.

Já nesta terça-feira (15), após a publicação da reportagem do Conjur, Zanin afirma que o caso “escancara como a Lava Jato, na era do lawfare, inventa delações contra seus inimigos e contra aqueles que denunciam seus abusos. Usando tal metodologia e de objetivos ilegítimos procuradores condenam empresas e pessoas à morte e ao opróbrio”.

https://twitter.com/czmartins/status/1305867169264173058


Leia também


Últimas notícias