Zanin e a Lava Jato

Suspeição: ‘Atuação parcial de Moro comprometeu todo o processo’

Advogado Cristiano Zanin afirma que longa lista de irregularidades cometidas provam que condenações do ex-presidente Lula em Curitiba “já estavam pré-estabelecidas”

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Principal objetivo da Lava Jato era retirar Lula das Eleições de 2018

São Paulo – Após duas importantes vitórias na Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada, a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva espera agora o julgamento do habeas corpus sobre a suspeição do então juiz Sergio Moro no comando da Operação Lava Jato. Além de retirar a delação do ex-ministro Antônio Palocci dos autos de um dos processos contra Lula, no âmbito daquela operação, os ministros apontaram a interferência política de Moro. Por outro lado, o acesso ao acordo de leniência da Odebrecht deve comprovar, mais uma vez, a participação irregular de autoridades estrangeiras nas decisões e rumos da Lava Jato.

“Não temos dúvida de que atuação parcial do juiz Moro comprometeu todo o processo. E que há elementos de sobra para que o Supremo venha a reconhecer a suspeição”, afirmou o advogado Cristiano Martins Zanin, que coordena a defesa técnica do ex-presidente. Em participação no Brasil TVT deste domingo (9), Zanin destacou mais uma contradição. Segundo ele, após a absolvição de Lula na Justiça Federal de Basília, no processo que ficou conhecido como “quadrilhão do PT“, as denúncias da Lava Jato de Curitiba não mais se sustentam.

Além disso, o ex-presidente foi absolvido no processo em que era acusado de obstrução de Justiça, quando foi nomeado ministro da Casa Civil pela então presidenta Dilma Rousseff. Mais recentemente, a Justiça de São Paulo rejeitou, por unanimidade, denúncia, sem uma única prova, contra Lula e seu irmão Frei Chico, de que teriam recebido recursos da Odebrecht.

Os fatos demonstram, segundo Zanin, que nunca houve um julgamento justo na chamada “república de Curitiba”. “Na Lava Jato de Curitiba, jamais houve um processo, uma análise de provas. Ao contrário, o processo sempre serviu para tentar formalizar condenações que já estavam pré-estabelecidas contra o presidente Lula. Com o objetivo claro de retirá-lo das eleições presidenciais de 2018. E também de macular o seu legado, a sua reputação e a sua imagem.”

Se declarada a suspeição de Moro, todos os processos comandados por ele contra o ex-presidente seriam anulados, Além disso, Lula recuperaria os seus direitos políticos.

Longa lista

As revelações trazidas pela série de reportagens que passou a ser conhecida como Vaza Jato mostram que Moro agiu em conluio com os procuradores da Curitiba, sugerindo testemunhas e provas. Ainda mais grave, Zanin destaca que os telefones do seu próprio escritório foram grampeados. “É impensável”, um atentado contra conquistas civilizatórias”, afirmou o advogado.

Contudo, as pretensões políticas de Moro que, depois de ter sido ministro do presidente Jair Bolsonaro, cogita a possibilidade de se lançar como candidato nas próximas eleições, também evidenciam a sua parcialidade.

Ademais, o advogado destaca que a confirmação da condenação de Lula pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) é o único “ponto de apoio” do ex-juiz. Mas, o processo já havia sido contaminado anteriormente, o que também serviria para anular a decisão dos desembargadores de Porto Alegre.

Assista à entrevista:

Redação: Tiago Pereira


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