São Paulo – No dia em que o número de mortos pela covid-19 no país ultrapassa 120 mil – e o número de dias sem ministro da Saúde passa dos 105 – o governador de Goiás, o médico Ronaldo Caiado (DEM), é só elogios para o presidente Jair Bolsonaro. Por meio de seu perfil no Twitter, Caiado disse que “o poder não mudou o homem Jair Bolsonaro. Um homem simples, corajoso e determinado que segue os princípios que o moveram até o momento: o bem do povo brasileiro.”

Bolsonaro esteve hoje (29) em Goiás para inaugurar usina de energia fotovoltaica em Caldas Novas. Durante a solenidade, à qual compareceu sem máscara e causando aglomeração, ele tropeçou e caiu.

Incoerência de Caiado

O discurso de admiração demonstra que o governador ruralista é no mínimo contraditório. Em 25 de março, quando havia 59 mortos e 2.555 infectados em todo o país, segundo dados oficiais, Caiado fez um escarcéu e anunciou o rompimento com seu aliado histórico. O motivo era a postura de Bolsonaro em relação à condução da pandemia, que na véspera havia feito um discurso em que incentivava o fim do isolamento social e desprezava as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). “As decisões do presidente no que diz respeito a saúde e ao coronavírus não alcançam o estado de Goiás”.

“Não posso admitir que venha agora o presidente da República lavar as mãos e responsabilizar outras pessoas por um colapso econômico. Não faz parte da postura de um governante. Um estadista tem que ter coragem de assumir as dificuldades. Se existem falhas na economia, não tente responsabilizar outras pessoas, assuma sua parcela”, disse ainda o governador. 

De acordo com levantamento do Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha de S.Paulo e UOL, foram contabilizados nas últimas 24 horas 10.414 casos positivos desde às 20h de ontem e 431 novos óbitos em sete estados.

De acordo com a Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, o Brasil é o segundo país do mundo com maior número de mortes causadas pela covid-19. Só perde para Estados Unidos, onde há 182 mil mortos e mais de 5 milhões de pessoas contaminadas.