'Fake news'

Dilma rebate editorial da ‘Folha’: ‘Falsifica a história recente do país’

“Quem acredita que as redes sociais inventaram as fake news desconhece o que foi feito pela grande imprensa no Brasil – a Folha inclusive”, apontou a ex-presidenta

Anselmo Cunha/Agência PT
Anselmo Cunha/Agência PT
Para Dilma, o editorial "é pior do que um erro. É, mais uma vez, a distorção iníqua que confirma o facciosismo do jornal"

São Paulo – A ex-presidenta Dilma Rousseff publicou um texto em resposta a um editorial da Folha de S. Paulo que foi contestado não só por petistas, mas por diversas personalidades nas redes sociais. No texto, intitulado “Jair Rousseff”, o jornal faz uma defesa do teto de gastos e atribui ao governo da petista um suposto descontrole nos gastos públicos.

Em seu texto, Dilma lembrou fatos como a ocasião em que o periódico utilizou o termo “ditabranda” para classificar a ditadura civil-militar implementada em 1964 e também o episódio em que o jornal publicou uma ficha falsa do Dops da ex-presidenta. “Quem acredita que as redes sociais inventaram as fake news desconhece o que foi feito pela grande imprensa no Brasil – a Folha inclusive”, apontou.

Para Dilma, o editorial “é pior do que um erro. É, mais uma vez, a distorção iníqua que confirma o facciosismo do jornal”. ” (A Folha) Repisa a falsa acusação de que o meu governo promoveu gastos excessivos, alegação manipulada apenas para sustentar a narrativa midiática e política que levou ao golpe de 2016. Esquece deliberadamente que a crise política provocada pelos golpistas do ‘quanto pior, melhor’ exerceu grande influência, seja sobre a situação econômica, seja sobre a situação fiscal.”

” Os dados mostram que a ‘irresponsabilidade fiscal’ que me foi atribuída é uma sórdida mentira, falso argumento para sustentar o golpe em curso. Entre 2011 e 2014, as despesas primárias cresceram 3,7% ao ano, menos do que no segundo mandato de FHC (4,1% ao ano), por exemplo. Em 2015, já sob efeito das pautas bombas, houve retração de 2,5% nessas despesas”, disse no texto. “As dívidas líquida e bruta do setor público chegaram, em meu mandato, a seus menores patamares desde 2000. Mesmo com a elevação, em 2015, para 35,6% e 71,7%, devido à crise que precedeu o golpe, elas ainda eram muito menores que no final do governo de Temer (53,6% e 87%) ou no primeiro ano de Bolsonaro (55,7% e 88,7%).”

Ao final da resposta, Dilma pediu uma autocrítica do periódico. “Se a intenção da Folha é tutelar e pressionar Bolsonaro para que ele entregue a devastação neoliberal, que tenha pelo menos a dignidade de não falsificar a história recente. Aprenda a avaliar o passado e admita seus erros deliberados, se quiser ter alguma autoridade para analisar um presente sombrio de cuja construção participou diretamente.”

Editorial da Folha é “intelectualmente indigente”, diz ex-editor do jornal

As críticas ao editorial não se restringiram aos petistas. O jornalista Fernando Barros e Silva, que foi diretor de redação da revista Piauí entre 2011 e 2020 e também ex-editor da Folha, foi incisivo em relação ao editorial. “Tenho opinião bastante negativa do governo Dilma. Mas… compará-la (e confundi-la) com Bolsonaro não é só um erro. É intelectualmente indigente e moralmente atroz. Que merda de democracia é essa da qual a Folha pretende ser guardiã (talvez zeladora)?”, postou.

“Não assino Folha. Não li o editorial. Mas o título já é passível de repúdio ‘Jair Rousseff’. Pode ser uma discussão sobre teto, mas no fim junta aquele que votou pelo impeachment homenageando um torturador que colocava rato em vagina de presas políticas como Dilma. Não há desculpa possível”, apontou a antropóloga Rosana Pinheiro-Machado.

A presidenta nacional do PT também rebateu o texto do periódico. “Editorial da Folha Jair Rousseff é repulsivo. Dilma é uma honesta e democrata, foi vítima de boicote que afundou o seu governo e do golpe que criou Bolsonaro. O pano de fundo é o teto de gastos que é nefasto com a área social, mas que o jornal admira passando o pano para o rentismo”, disse a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR).


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