Inquérito das fake news

Por decisão do STF, Twitter remove contas de Luciano Hang, Roberto Jefferson e outros bolsonaristas

Segundo o tribunal, as provas colhidas e os laudos técnicos do inquérito das fake news apontam para a existência de uma associação criminosa

Pablo Valadares/Ag. Câmara - Reprodução Youtube - Reprodução Twitter - Carlos Moura/SCO/STF
Pablo Valadares/Ag. Câmara - Reprodução Youtube - Reprodução Twitter - Carlos Moura/SCO/STF
Ministro Alexandre de Moraes, que conduz inquérito que apura fake news e também o que investiga ameaça às instituições, encontrou indícios de organização criminosa com participação de "celebridades" na cena política atual

São Paulo – O presidente do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson, os blogueiros Allan dos Santos e Bernardo Küster, e os empresários Luciano Hang, Edgard Corona e Otávio Fakhoury, além da ativista bolsonarista de extrema direita Sara Giromini, mais conhecida como Sara Winter, tiveram seus perfis apagados nesta sexta-feira (24) pelo Twitter. A ordem partiu do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do Inquérito 4.781, que investiga fake news.

Quem tenta acessar os perfis visualiza uma mensagem afirmando “conta retida”, e ainda: “A conta da foi retida no Brasil em resposta a uma demanda legal”. Em nota, a assessoria de imprensa do Twitter afirma ter adotado a medida “estritamente em cumprimento a uma ordem legal proveniente de inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF)”.

(reprodução)

Em maio, os agora bloqueados pelo Twitter já tinham sido objeto de mandados de busca e apreensão autorizados pelo mesmo ministro. Moraes conduz dois inquéritos no STF. O que apura as notícias falsas e o que investiga ameaças às instituições por meios de redes sociais e outros meios.

Associação criminosa

Segundo o STF, “as provas colhidas e os laudos técnicos apresentados no inquérito (das fake news) apontaram para a existência de uma associação criminosa dedicada à disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às instituições, dentre elas o Supremo Tribunal Federal, com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática”.

O tribunal diz que as investigações apontam para uma estrutura, aparentemente, financiada por empresários “atuando de maneira velada”, que  fornecem recursos “das mais variadas formas para os integrantes dessa organização, inclusive impulsionando vídeos e materiais contendo ofensas e notícias falsas com o objetivo de desestabilizar as instituições democráticas e a independência dos poderes”.

Em junho, Sara Winter foi presa pela Polícia Federal, em cumprimento a mandado de Alexandre de Moraes após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), no âmbito do inquérito que apura a realização de atos antidemocráticos. Em 13 de junho, um sábado, o acampamento do movimento denominado “300 do Brasil”, liderado por Sara, foi desmontado pelo governo do Distrito Federal.

Em 8 de julho, o Facebook removeu dezenas de contas ligadas à família do presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) afirmou à RBA que a importância da ação do Facebook era a confirmação das teses da CPMI das Fake News. “Não só a as apurações sobre a existência de uma organização criminosa, mas da própria existência do ‘gabinete do ódio’, que é público e notório, mas que eles vinham negando”, disse a parlamentar, membro da comissão.


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