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Para deputada, exclusão de contas bolsonaristas do Facebook confirma CPMI das Fake News

“São contas ligadas à desinformação, ao ataque às ciências, com prejuízos até à saúde pública”, diz sociólogo Sergio Amadeu

Valdenio Vieira/PR
Valdenio Vieira/PR
Dezenas de contas atuaram para manipular o uso da plataforma antes e durante o mandato de Bolsonaro, espalhando desinformação e fake news

São Paulo – Para a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), a importância da ação do Facebook, que nesta quarta-feira (8) removeu dezenas de contas ligadas à família do presidente Jair Bolsonaro está na confirmação das teses da CPMI das Fake News. “Não só a as apurações sobre a existência de uma organização criminosa, mas da própria existência do ‘gabinete do ódio’, que é público e notório, mas que eles vinham negando”, disse a parlamentar, que integra a comissão.

Na opinião do sociólogo Sérgio Amadeu, professor associado da Universidade Federal do ABC (UFABC), a decisão do Facebook pela remoção dos perfis associados à divulgação de notícias falsas e ao chamado gabinete do ódio “sem dúvida nenhuma pode ser comemorada”. De acordo com a rede social, as contas operavam desde as eleições de 2018. “São contas ligadas à desinformação, ao ataque às ciências, com prejuízos até à saúde pública em campanhas de desinformação que eles fazem como estratégia política.”

Natália acredita que a exclusão das contas também é relevante, porque a CPMI tem apurado que “o financiamento dessa organização criminosa é empresarial, mas depois da posse de Bolsonaro se instalou no próprio poder público”.

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
“Essas fake news e desinformação têm impacto tanto na manipulação do debate público quanto na saúde pública”, diz deputada (Foto: Cleia Viana/Ag. Câmara)

A ação da rede social tem importância, ainda, por apontar quem compõe o grupo responsável pelas fake news e disseminação de desinformação, para uma futura responsabilização dessas pessoas. Como afirmou Nathaniel Gleicher, diretor de Cibersegurança do Facebook, em documento divulgado pela rede, “ainda que as pessoas por trás dessa atividade tentassem ocultar suas identidades e coordenação, nossa investigação encontrou nomes associados ao Partido Social Liberal (PSL). E também a alguns funcionários dos gabinetes de Anderson Moraes, Alana Passos, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro”,

“Essas fake news e a desinformação têm impacto tanto na manipulação do debate público quanto na saúde pública, agora que estamos em uma pandemia, e ameaçam a vida das pessoas”, lembra Natália.

“Justiça digital?”

Além da CMPI, há um inquérito no Supremo Tribunal Federal, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, que investiga fake news e ameaças às instituições. “O que a gente vê é que essas linhas de investigação vêm sendo confirmadas pelos fatos. A ação do Facebook foi exatamente em cima de páginas ligadas precisamente aos nomes que a gente apontava como sendo do gabinete do ódio.”

Por outro lado, ressalva Sergio Amadeu, o Facebook e outras empresas não podem “se transformar na justiça digital”. Ele observa que o WhatsApp (empresa do Facebook) excluiu, ontem, sem explicação, contas de pessoas do PT e até do serviço de notícias do partido.

“Essas pessoas não têm efetivamente nenhuma prática de desinformação. Faziam como os empresários fazem pra se comunicar no chamado WhatsApp Business.”

Por isso, Amadeu defende uma lei para regular a prática das plataformas, para garantir liberdade de expressão. “Pessoas que são contra o neoliberalismo, por exemplo, não são a mesma coisa que os bolsonaristas, que trabalham com inverdades, com fatos que não aconteceram e muitas vezes negam fatos que aconteceram”, observa.

“As contas (bolsonaristas) excluídas são de desinformação e eles demoraram muito tempo para excluir, deveriam ter feito isso já nas eleições”, acrescenta.

Edição: Fábio M. Michel


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