Ligações perigosas

Flávio Bolsonaro nega vazamento de operação da PF que poderia mudar resultado da eleição 2018

Senador, filho do presidente, prestou depoimento ao MPF na tarde desta segunda, sobre a operação desencadeada logo após a vitória de Jair Bolsonaro

Beto Barata/Agência Senado
Beto Barata/Agência Senado
"Nunca houve vazamento, nunca chegou ao conhecimento do senador nenhuma informação sobre a Furna da Onça", disse advogada de Flávio

São Paulo – “Nunca houve vazamento, nunca chegou ao conhecimento do senador nenhuma informação sobre a Furna da Onça. Ele explicou ao procurador da República que inclusive apoiava o deputado André Correa na época à presidência da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) e que se soubesse de algum vazamento da Furna da Onça, obviamente, não apoiaria um alvo da operação.” A declaração é da advogada do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Luciana Pires, em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) na tarde desta segunda-feira (20), sobre operação da Polícia Federal desencadeada logo após as eleições de 2018.

A operação trouxe à luz a denúncia do chamado esquema de “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro. Em maio passado, o empresário Paulo Marinho, suplente do senador, disse que o filho mais velho de Jair Bolsonaro foi avisado, entre o primeiro e o segundo turno das eleições de 2018, de que a operação da PF contra Fabrício Queiroz e desvio de dinheiro público na Assembleia fluminense seria deflagrada em novembro daquele ano.

Segundo o procurador da República Eduardo Benones, Flávio teria confirmado que teve um encontro com Marinho, mas negou ter tido obtido informações privilegiadas.

“Memória fraca”

“Ele não se lembra da data, porque tem um ano e meio. Mas se lembra que teve reunião na casa do Paulo Marinho”, disse a advogada de Flávio. Segundo Luciana, na ocasião, “já estava protagonizando a questão do Queiroz”. Ela acrescentou “a imprensa estava especulando várias coisas e (Flávio) precisava de advogado para se defender. Não era para vazamento de Furna da Onça, nem para Queiroz, nada nesse sentido”.

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Segundo Marinho, o vazamento em favor de Flávio teria partido de um delegado da PF partidário de Jair Bolsonaro. Flávio Bolsonaro, de acordo com ele, o teria procurado “absolutamente transtornado”, à procura de um advogado criminal. A operação Furna da Onça, teria sido adiada para não afetar a eleição de Jair Bolsonaro.

O desembargador Abel Gomes, relator da operação no Tribunal Regional Federal da 2ª Região, negou que a ação da PF tenha sido adiada para beneficiar o candidato à Presidência. “Não foi adiada, mas sim deflagrada no momento que se concluiu mais oportuno, conforme entendimento conjunto entre o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e o Judiciário”, declarou.

Em maio, o procurador Benones afirmou em nota que “as investigações visam descobrir se policiais federais vazaram informações sigilosas para privilegiar quem quer que seja”. Segundo ele, se ficar comprovado qualquer vazamento, mesmo uma simples informação, “os policiais responsáveis podem ser presos e até perder o cargo por improbidade”.

Outra investigação, do Ministério Público do Rio de Janeiro, apura depósito R$ de 25 mil em dinheiro que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, teria feito na conta de Fernanda Bolsonaro, mulher do senador. Segundo o MP-RJ, o valor foi utilizado, em 2011, para pagar a primeira parcela de uma cobertura na zona sul da capital carioca.


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