Cultura: em dois meses, governo exonera duas vezes o mesmo secretário adjunto
O advogado Pedro Horta saiu em maio, quando a titular era Regina Duarte. Voltou em junho, com Mário Frias, e agora foi “demitido” novamente
Publicado 14/07/2020 - 16h22
São Paulo – A edição desta terça-feira (14) do Diário Oficial da União traz a exoneração do secretário adjunto da Secretaria Especial de Cultura, Pedro José Vilar Godoy Horta. A Portaria 357, datada de ontem, é assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto. Seria mais um ato administrativo corriqueiro em uma pasta desvalorizada pelo governo, não fosse o fato de se tratar de uma repetição: o mesmo Pedro Horta já havia sido exonerado apenas dois meses atrás.
A primeira saída tem data de 15 de maio, conforme outra portaria publicada no Diário Oficial e assinada pelo general Braga Netto. São apenas duas diferenças. Na época, a Cultura era subordinada à Cidadania, agora é ao Turismo. Em maio, a secretária era Regina Duarte, substituída pelo também ator Mário Frias. Ele é o quinto a ocupar o cargo em um ano e meio de governo.
Após um período de “namoro”, Regina entrou no governo em 4 de março. Em 20 de maio, teve sua demissão anunciada, mas só saiu efetivamente em 10 de junho, após mais um decreto no Diário Oficial. Seguiu-se novo período de vacância até a posse formal de Frias, em 23 de junho. No mesmo dia, Horta foi (re)nomeado. Assim, sua segunda passagem no cargo durou três semanas.
Três vezes candidato
Paulistano, ele completou 49 anos no último dia 5. É advogado e professor de Direito Constitucional. Em 2002, foi candidato a deputado federal pelo PSDB e ficou com uma suplência. Tentou a sorte novamente em 2004, agora pelo PFL e como vereador em Atibaia (SP), e mais uma vez ficou como suplente. Em 2010, concorreu a uma cadeira de deputado estadual pelo PTC. Recebeu 1.971 votos e não foi eleito.
Suas publicações em redes sociais indicam apoio incondicional a Jair Bolsonaro. Em 2012, ele defendeu a candidatura de Celso Russomanno (PRB) a prefeito paulistano, que ficou em terceiro. José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) foram para o segundo turno, com vitória do petista sobre o tucano.
Procurada, a Casa Civil recomendou consultar o Ministério do Turismo, ao qual a Secretaria de Cultura é vinculada. Até a conclusão deste texto, não havia resposta sobre as razões da dupla exoneração.