"Planejamento"

Cultura: em dois meses, governo exonera duas vezes o mesmo secretário adjunto

O advogado Pedro Horta saiu em maio, quando a titular era Regina Duarte. Voltou em junho, com Mário Frias, e agora foi “demitido” novamente

Montagem RBA
Montagem RBA
Horta (centro) foi o braço direito de Regina Duarte e Mário Frias. Nos dois casos, terminou exonerado pela Casa Civil

São Paulo – A edição desta terça-feira (14) do Diário Oficial da União traz a exoneração do secretário adjunto da Secretaria Especial de Cultura, Pedro José Vilar Godoy Horta. A Portaria 357, datada de ontem, é assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto. Seria mais um ato administrativo corriqueiro em uma pasta desvalorizada pelo governo, não fosse o fato de se tratar de uma repetição: o mesmo Pedro Horta já havia sido exonerado apenas dois meses atrás.

A primeira saída tem data de 15 de maio, conforme outra portaria publicada no Diário Oficial e assinada pelo general Braga Netto. São apenas duas diferenças. Na época, a Cultura era subordinada à Cidadania, agora é ao Turismo. Em maio, a secretária era Regina Duarte, substituída pelo também ator Mário Frias. Ele é o quinto a ocupar o cargo em um ano e meio de governo.

Após um período de “namoro”, Regina entrou no governo em 4 de março. Em 20 de maio, teve sua demissão anunciada, mas só saiu efetivamente em 10 de junho, após mais um decreto no Diário Oficial. Seguiu-se novo período de vacância até a posse formal de Frias, em 23 de junho. No mesmo dia, Horta foi (re)nomeado. Assim, sua segunda passagem no cargo durou três semanas.

Déjà-vu: Casa Civil demite o mesmo secretário em intervalo de dois meses. Publicações saíram no “Diário Oficial” em 15 de maio e 14 de julho

Três vezes candidato

Paulistano, ele completou 49 anos no último dia 5. É advogado e professor de Direito Constitucional. Em 2002, foi candidato a deputado federal pelo PSDB e ficou com uma suplência. Tentou a sorte novamente em 2004, agora pelo PFL e como vereador em Atibaia (SP), e mais uma vez ficou como suplente. Em 2010, concorreu a uma cadeira de deputado estadual pelo PTC. Recebeu 1.971 votos e não foi eleito.

Suas publicações em redes sociais indicam apoio incondicional a Jair Bolsonaro. Em 2012, ele defendeu a candidatura de Celso Russomanno (PRB) a prefeito paulistano, que ficou em terceiro. José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) foram para o segundo turno, com vitória do petista sobre o tucano.

Procurada, a Casa Civil recomendou consultar o Ministério do Turismo, ao qual a Secretaria de Cultura é vinculada. Até a conclusão deste texto, não havia resposta sobre as razões da dupla exoneração.