Tropa de choque

Bia Kicis, ferrenha defensora de Bolsonaro, sai da vice-liderança do governo

Com a manobra, Bolsonaro busca enganar a opinião pública sobre a postura do governo durante a votação do fundo para a educação

Arquivo Câmara
Arquivo Câmara
Investigada pelo STF, Bia Kicis perde espaço no círculo próximo ao presidente

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro destituiu a deputada Bia Kicis (PSL-DF) da função de vice-líder do governo no Congresso. A decisão foi publicada na noite desta quarta-feira (22), em edição extra do Diário Oficial da União. E ocorre um dia depois de ter sido uma das sete parlamentares que votaram contra a aprovação do novo Fundeb.

A manobra é mais uma tentativa de Bolsonaro de tentar faturar politicamente com a aprovação do fundo permanente, mesmo o governo tendo agido contra as principais medidas aprovadas. Assim como Bia Kicis, os demais deputados que votaram contra são ferrenhos defensores do presidente.

Após protelar as discussões por um ano e meio, o governo tentou prorrogar a ampliação dos recursos do Fundeb para 2022. Além disso, apresentou substitutivo que propunha o direcionamento de metade desses recursos da União para o pagamento de um vale-creche a ser utilizado na rede privada. A intenção da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, era incluir esse repasse no programa Renda Brasil, burlando o Teto de Gastos.

No entanto, Bolsonaro classificou nas redes sociais a aprovação do novo Fundeb como uma “vitória da educação pública, como se fosse fruto da articulação política da base do governo.

Por outro lado, a saída de Bia Kicis abre espaço para a indicação de um nome ligado ao “centrão”. A aproximação com esse grupo de partidos é uma tentativa de Bolsonaro se blindar contra o impeachment. Além da omissão no combate à pandemia, os casos de corrupção envolvendo a família presidencial e o envolvimento com o chamado “gabinete do ódio” também poderiam resultar em pedidos de afastamento.

Trajetória

Procuradora aposentada e youtuber, Bia Kicis ganhou destaque como uma das principais vozes da direita conservadora radical. Era defensora da Lava Jato, até a saída do governo do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Ela também é a favor que as aulas sejam gravadas, para combater uma chamada “ideologia de gênero”, invencionice ecoada também por Bolsonaro.

Para defender o presidente, chegou a usar na tribuna da Câmara uma máscara com a inscrição “E daí?”, relembrando frase dita por Bolsonaro quando foi perguntado sobre a escalada do número de mortos pela covid-19.

Fake News

Bia Kicis também é alvo do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga a disseminação de fake news e ameaças contra integrantes da Corte. Ela é suspeita de ter usado R$ 24,4 mil de verba parlamentar para contratar serviços de marqueteiros bolsonaristas que cuidariam das suas redes sociais. Posteriormente, também teve o seus sigilos fiscal e bancário quebrados no âmbito do inquérito que apura o financiamento de atos antidemocráticos.

Ainda assim, pela fidelidade demonstrada ao governo, a destituição da deputada repercutiu entre parlamentares da oposição:


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