Antes tarde

Depois de Serra, Alckmin. Lava Jato tenta reconstruir reputação pondo tucanos na mira

Inquérito da Polícia Federal inclui delações de executivos da Odebrecht sobre formação de cartel em obras do metrô e do Rodoanel

Diego Padgurschi/Folhapress
Diego Padgurschi/Folhapress
Quando Sergio Moro era o principal juiz da operação, todos os patrocinadores do golpe que tirou Dilma do governo e construiu o caminho da eleição de Bolsonaro foram poupados pela Lava Jato. Agora que os tucanos se tornaram defuntos eleitorais, a PF chega neles

São Paulo – A Polícia Federal indiciou hoje (16) o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) por corrupção passiva, em processo da Operação Lava Jato. Também entraram no processo o ex-secretário de Planejamento do tucano, Sebastião Eduardo Alves de Castro e o ex-tesoureiro de campanha Marco Monteiro. Além de corrupção, estão listados crimes de falsidade ideológica, caixa dois e lavagem de dinheiro. Segundo o Estadão, o inquérito da PF foi instaurado a partir de delações de executivos do grupo Odebrecht, no âmbito da Operação Lava Jato. As denúncias possuem relação com a prática de cartel em obras do Metrô de São Paulo e do Rodoanel.

As supostas provas teria sido obtidas a partir de cópia do sistema de informática da empresa, além da análise de telefonemas e conversas por aplicativos de vídeo. Também entraram no inquérito depoimentos de outras testemunhas envolvidas com o processo.

Alckmin é o segundo tucano que governou São Paulo e disputou a Presidência da República (em 2006 e em 2018) a ser alvo da Polícia Federal, no âmbito da Lava Jato. Na semana passada, foi a vez do senador José Serra, também tendo como pano de fundo repasse de dinheiro envolvendo obras do Rodoanel. Ambos os ex-presidenciáveis também tiveram, em suas disputas, em que foram derrotados, amplo apoio dos meios de comunicação comerciais. Depois das derrotas, tanto Alckmin quanto Serra caíram em ostracismo político. Só então se tornaram manchetes da Lava Jato.

Serra, Alckmin, Lava Jato: decadências

A própria operação Lava Jato passou a ter sua reputação em queda livre depois de vários episódios revelados pela série de reportagens da Vaza Jato, do Intercept. Entre elas, o conluio entre juiz e acusação e a cooperação ilegal de organismos estrangeiros, como o FBI, sem permissão das autoridades locais. “Acredito que seja uma leitura para o horizonte de 2022; o objetivo dos membros da Lava Jato é preparar Sergio Moro como candidato a presidente em 2022”, disse o cientista político Paulo Nicoli Ramirez, em entrevista à RBA. “E para isso é preciso descartar a possibilidade de um partido de centro-direita ou à direita ter nomes fortes. Não que ele (Serra) pudesse ser candidato à presidência, mas é um nome representativo do partido e isso mancha a legenda como um todo.”


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