mentira como método

Governo Bolsonaro bancou 2 milhões de anúncios em sites e canais de ‘fake news’

Relatório aponta publicidade governamental em canais que fazem apologia ao presidente Bolsonaro e em sites de notícias falsas, jogos ilegais e pornografia

Roque de Sá/Agência Senado
Roque de Sá/Agência Senado
Com 1.447 anúncios no canal Terça Livre, blogueiro negou receber dinheiro público, em depoimento à CPMI das Fake News

São Paulo – Levantamento feito pela CPMI das Fake News divulgado nesta terça-feira (2) identificou 2,065 milhões de anúncios pagos com verba da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) em 843 sites, aplicativos de telefone celular e canais de YouTube que veiculam conteúdo considerado inadequado. Os anúncios foram publicados em apenas 38 dias, entre 6 de junho e 13 de julho do ano passado, apesar de os parlamentares terem solicitado informações para o período entre janeiro e novembro de 2019.

Os materiais faziam parte da campanha do governo federal em apoio à aprovação da “reforma” da Previdência, que restringiu o acesso às aposentadorias e tende a inviabilizar a Previdência pública.

Mentira em números

Ao todo, 47 sites especializados em fake news receberam 653.378 anúncios. Foram removidos 741 canais do Youtube por descumprimento de regras que também receberam verba oficial. A lista computa, ainda, 12 sites com notícias sobre jogos de azar, sete que fazem ofertas de investimentos ilegais e quatro com conteúdo pornográfico.

Entre os campeões da mentira, o relatório da CPMI destaca os sites: Jornal 21 Brasil (84.248 impressões), Imprensa Viva (65.661 impressões), Gospel Prime (44.750), Diário do Brasil (36.551 impressões) e Jornal da Cidade Online (30.508 impressões).

Terça Livre

O canal Terça Livre TV, do blogueiro Allan dos Santos – um dos mais atuantes militantes do bolsonarismo –, recebeu 1.447 anúncios governamentais. Em depoimento à própria CPMI, contudo, ele negou receber verba pública em troca do apoio ao governo Bolsonaro. Ele foi um dos alvos, na semana passada, das ações determinadas pelo STF, em inquérito que investiga ataques virtuais contra a Corte.

O relatório destaca, ainda, que a divulgação de publicidade oficial em canais que fazem apologia do presidente Bolsonaro pode ser interpretada como violação à Constituição. Por outro lado, também apontam para a falta de controle dos anúncios distribuídos na internet por meio da plataforma Adwords e Adsense do Google.