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Queiroz estava guardado da família presidencial, diz cientista política

Jacqueline Muniz acredita que todos sabiam da localização do policial aposentado, mas não acredita em delação

Reprodução
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Queiroz e o senador Flávio Bolsonaro: prisão foi feita em Atibaia, interior de São Paulo, na casa de Frederick Wasseff, advogado de Flávio

São Paulo – “Um acervo ambulante de informações”. Assim é definido Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, pela cientista política Jacqueline Muniz. Preso nesta quinta-feira (18), Queiroz estava guardado e sob o controle da família presidencial, na avaliação da especialista.

A prisão foi feita em Atibaia, interior de São Paulo. Queiroz estava em um imóvel de Frederick Wasseff, advogado de Flávio e próximo do presidente Jair Bolsonaro. A cientista política acredita que todos sabiam o paradeiro do ex-assessor.

“Queiroz era o único cidadão brasileiro em isolamento social vip, com uma babá jurídica e com aval do presidente da República. Ele estava guardado para falar na hora certa com a Justiça. Há muito tempo ele está negociando o que pode ser dito ou não”, afirmou à Rádio Brasil Atual.

Sem delação?

Policial Militar aposentado, Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão em sua conta de maneira considerada “atípica”, segundo relatório do antigo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf). Ele trabalhou para o filho do presidente Jair Bolsonaro antes de Flávio tomar posse como senador, no período em que ele era deputado estadual no Rio.

Jacqueline Muniz lembra que Fabrício Queiroz está ligado diretamente no esquema de “rachadinhas”, é amigo do assassino de Marielle Franco, Adriano da Nóbrega, e também é relacionado com as milícias do Rio de Janeiro.

“Nessas investigações sobre redes criminosas, você mexe numa ponta e aparece outra. Precisamos saber onde entra a morte da Marielle nessa história, como a “rachadinha” criou um novo espaço para as milícias. Por que o Queiroz abriria o bico? A prisão é importante, mas ele interessa a muita gente que não sabemos ainda quem são”, analisou.

Apesar de outros especialistas apontarem que a prisão do ex-assessor como um potencial problema para Bolsonaro, a cientista política não acredita na possibilidade de uma delação que prejudique o presidente da República.

“Para o Queiroz vale a pena ficar calado, porque estamos falando da família presidencial. Não tenho expectativas de revelações a curto prazo, já que ele estava sob total controle da família do presidente”, acrescentou.