PGR abre investigação contra bolsonaristas que atacaram STF com fogos
Ação atende a pedido do presidente do Supremo. Bolsonaro não se manifestou, mas ministro da Justiça pediu “compreensão” aos perpetradores do ataque
Publicado 15/06/2020 - 09h41
São Paulo – A Procuradoria-Geral da República(PGR) instaurou investigação preliminar, na noite deste domingo (14), contra manifestantes que atiraram fogos de artifício em direção ao Supremo Tribunal Federal. A abertura da investigação atendeu a pedido do presidente do STF, ministro Dias Toffoli. Os ataques ocorreram no sábado (13). Os fogos simulavam um bombardeio contra a sede da Suprema Corte.
Toffoli cobrou a “responsabilização penal daquele(s) que deu/deram causa direta ou indiretamente, inclusive por meio de financiamento, dos ataques e ameaças dirigidas” ao STF e ao “estado democrático de direito”.
Os ataques foram realizados pela milícia bolsonarista autointitulada “300 do Brasil”. O acampamento montado pelo grupo foi desmantelado, no sábado, pela Polícia Militar do Distrito Federal. Antes dos fogos contra o STF, o grupo havia tentado invadir uma das cúpulas do Congresso Nacional.
O presidente do STF também solicitou a responsabilização de Renan da Silva Sena, “por ataques e ameaças” contra o tribunal. Ex-assessor do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Sena agrediu, em maio, enfermeiras que protestavam em Brasília.
A “notícia de fato”, procedimento que abre a investigação, é assinada pelo procurador João Paulo Lordelo. Ele pede que informações do Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF) sejam incluídas no âmbito do inquérito que investiga atos antidemocráticos contra o STF e o Congresso.
Reação
No domingo, Dias Toffoli havia afirmado, em nota, que as ações contra o Supremo são “financiadas ilegalmente” e estimuladas “por integrantes do próprio Estado”. O presidente disse que o STF “jamais se sujeitará” a nenhum tipo de ameaça, “velada, indireta ou direta”.
Exoneração
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), exonerou o subcomandante da PM, coronel Sérgio Luiz Ferreira de Souza, pela inação diante do ataque ao STF. Após a exoneração, a polícia do DF prendeu Renan Silva Sena, acusado de participar da ação.
Silêncio
O presidente Jair Bolsonaro, que vinha participando consecutivamente dos atos contra o Congresso e o STF, não se pronunciou sobre a ação pirotécnica. Sem citar o episódio, contudo, o ministro da Justiça, André Mendonça, divulgou nota defendendo o respeito “à vontade das urnas e o voto popular”. Afirmou que “devemos agir por este povo, compreendê-lo e ver sua crítica e manifestação com humildade”. Cobrou “autocrítica” de todos, sem especificar quem. E disse, ainda, que “não há espaço para vaidades”.
A única autoridade que participou de atos em apoio aos grupos bolsonaristas no domingo foi o ministro da Educação, Abraham Weintraub. “Já falei a minha opinião, o que faria com esses vagabundos”, disse ele, reiterando ameaças proferidas contra os ministros do STF na reunião ministerial de 22 de abril.