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Inquéritos no STF abalam as bases de Bolsonaro, diz analista

Investigação sugere que recursos públicos tenham sido utilizados para financiar atos golpistas. Youtubers também deletaram vídeos com ofensas ao Supremo

Isac Nóbrega/PR
Isac Nóbrega/PR
Além dos inquéritos no STF, prisão de Queiroz enfraquece ainda mais Bolsonaro

São Paulo – Para o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), há indícios de que uma “organização criminosa” possa estar por trás dos atos realizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em favor do fechamento do Congresso Nacional e da própria Suprema Corte. Nesta segunda-feira (22), ele retirou o sigilo da decisão que autorizou ações contra parlamentares, empresários e blogueiros bolsonaristas.

Dentre essas ações, Moraes autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de 11 parlamentares bolsonaristas. Suspeita-se que dinheiro público possa ter sido utilizado para financiar essas manifestações.

Por outro lado, o STF também investiga a disseminação de conteúdos falsos na internet, com ataques ao próprios ministros. Como resultado, começa a se fechar o cerco contra as chamadas milícias virtuais bolsonaristas. Youtubers que apoiam o presidente apagaram mais de 3 mil vídeos, desde maio, com o objetivo de destruir provas no inquérito das fake news.

Evidências

Consequentemente, os avanços nesses dois inquéritos, segundo o cientista político Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC (UFABC), devem comprometer ainda mais capacidade de Bolsonaro de “reunir forças” para se manter no poder até as próximas eleições. Em entrevista a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta terça-feira (23), ele afirma que as condições de governabilidade estão “absolutamente comprometidas”.

“Do ponto de vista dos atores políticos, Bolsonaro vem perdendo mais credibilidade, ainda que esteja com o Centrão. Estão ficando mais evidentes os crimes que foram cometidos, com desvio de recurso público para financiar movimentos paramilitares. Quanto mais as investigações se aproximam do núcleo bolsonarista, ficam mais claras as intenções deste governo.”

Isso sem falar na prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro e amigo do presidente há mais de três décadas. Ademais, as investigações sobre o suposto esquema de “rachadinha” comandado por Queiroz no gabinete do filho do presidente podem desvendar as relações da família Bolsonaro com as milícias do Rio de Janeiro.

Sleeping Giants

Marchetti aponta que é preciso chegar aos financiadores desses movimentos. No entanto, ele também destacou o papel da sociedade civil. Deu como exemplo as ações do movimento Sleeping Giants. O perfil do Twitter denuncia marcas que patrocinam sites conhecidos por disseminar fake news.

Assista à entrevista:

Redação: Tiago Pereira