Queda livre

Fabrício Queiroz pode ser o ‘Fiat Elba’ de Bolsonaro, afirma deputado

Episódio do carro comprado com cheque fantasma levou à queda de Collor em 1992. Na demissão de Weintraub, presidente chamou a atenção de deputados: ‘parece alheio’ e com “cara de quem está pego”

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"Parece que ele não estava nem aí, estava alheio, em outro mundo"

São Paulo – Esta quinta-feira (18) foi o pior dia do mandato de um ano e cinco meses do presidente Jair Bolsonaro. O impacto da prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor e ex-motorista do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), e a queda de Abraham Weintraub, um de seus mais próximos aliados, pode ser observada na expressão facial de Bolsonaro ao se despedir do ministro da Educação. A observação é unânime entre três deputados de oposição ouvidos pela RBA.

“Bolsonaro ao lado do Weintraub estava lívido, branco como cera. Bolsonaro tem três hipóteses: ou ele renuncia, ou tem um ‘acordão’ ou dá um golpe (risos)”, disse o deputado federal Ivan Valente (Psol-SP). Para ele, o impacto da prisão de Queiroz desmobiliza a militância do chefe do clã que governa o país, e também dos militares que lhe deram apoio até aqui. “É muito difícil ficar segurando a barra de miliciano e corrupto”, completou.

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) também observou “a expressão na cara de Bolsonaro com Weintraub, uma pessoa da confiança dele”. Para o parlamentar, a impressão era de que o presidente “não estava nem aí, estava alheio, em outro mundo. Tiraram Bolsonaro do esquadro”.

“Aquela não é a cara do Bolsonaro. A cara dele é de quem está pego”, destaca Paulo Teixeira (PT-SP). Queiroz poderia ser a Fiat Elba de Bolsonaro? “Sim, é a Fiat Elba do Bolsonaro”, respondeu o petista.

A alusão é ao episódio do carro comprado para a então primeira-dama, Rosane Collor, pago por meio de um cheque oriundo de uma conta fantasma do esquema de Paulo César Farias. O PC Farias, como era conhecido, foi tesoureiro de campanha de Fernando Collor de Mello, e de seu vice, Itamar Franco, nas eleições de 1989.

Queiroz foi preso na manhã de hoje, por uma ação conjunta das polícias civis de São Paulo e do Rio de Janeiro e do Ministério Público. Ele estava escondido em um imóvel de Frederick Wasseff, advogado da família Bolsonaro, em Atibaia, interior de São Paulo.

Para Teixeira, são “muito significativas” as relações de Wasseff . Em fevereiro, ele defendeu o ex-PM Adriano da Nóbrega, acusado de ser miliciano, chefe do chamado “Escritório do Crime” e de estar envolvido na morte de Marielle Franco. “Eu lhe afirmo e desafio a qualquer um no Brasil: todas as afirmações são falsas, mentirosas e levianas. O único objetivo dessa farsa é atingir a imagem da família Bolsonaro”, afirmou Wasseff à Folha de S. Paulo. Adriano foi morto em ação da PM da Bahia em 9 de fevereiro.

Teixeira classifica a semana como “a tempestade perfeita” para Bolsonaro, com a prisão da extremista Sara Winter, execuções de mandados de busca e apreensão contra aliados de Bolsonaro, quebra de sigilos de parlamentares, a validação do inquérito sobre fake news pelo STF, queda de Weintraub e, para coroar a “tempestade”, a prisão de Queiroz.

Entre várias denúncias que precisam ser esclarecidas, além de ser o operador do esquema de “rachadinhas” do gabinete do então deputado estadual do Rio Flávio Bolsonaro, ele teria depositado um cheque de R$ 24 mil na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Edição: Fábio M Michel


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