persona non grata

Escritor pede desculpas por prefácio de Moro em livro sobre combate à máfia

Jornalista norte-americano Alexander Stille escreve sobre combate à máfia italiana e disse não saber que Sergio Moro “faria parte do governo Bolsonaro”

lula marques
lula marques
Moro chegou a "celebrar" sua presença no prefácio do livro que trata do combate à máfia italiana

São Paulo – O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro celebrou, em uma rede social, o fato de ter escrito prefácio para um livro sobre combate à corrupção. Autor do livro Morte a Vossa Excelência, o jornalista norte-americano Alexander Stille pediu desculpas aos leitores pela presença de Moro em sua obra: “Desculpe. Eu não tinha ideia de que ele iria se juntar ao governo Bolsonaro”, escreveu em seu perfil no Twitter.

Moro aceitou cargo de ministro no governo que ele próprio ajudo a eleger, ao excluir o favorito a vencer, Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de uma condenação arbitrária e sem sustenção por provas.

Mais do que a influência decisiva de de Moro, ex-juiz de primeira instância, no processo eleitoral, sua conduta partidária foi determinante na implantação de um regime de extrema direita no Brasil, liderado pelo seu hoje desafeto Jair Bolsonaro.

O autor pediu desculpas ao responder o questionamento de um leitor brasileiro. “Querido professor, que tristeza ver o seu belíssimo livro ter um prefácio de um juiz que agiu contra a lei e os princípios básicos de justiça e de democracia no Brasil. A história revelará ao mundo o quão criminoso foi o serviço de Sergio Moro. Uma pena que ele esteja no seu livro”, disse o internauta Tiago Sousa, em referência à atuação (no mínimo) controversa de Moro como juiz durante a Operação Lava Jato.

Repercussão

O livro de Alexander Stille tem edição em português com o título Morte a Vossa Excelência: Entenda a verdadeira história do juiz que desafiou e abalou a máfia. A obra destaca o juiz italiano Giovanni Falcone, que trabalhou durante o fim dos anos 1980 em julgamentos contra integrantes da máfia siciliana. Em 1993, ele fora assassinado a mando de um dos líderes da Cosa Nostra.

Falcone, entretanto, atuou apenas como juiz, e não liderando todo o processo de acusação em conluio com o Ministério Público. A suspeição do ex-juiz, que já vinha sendo apontada pela defesa de Lula, ficou exposta após a série Vaza Jato, do The Intercept Brasil

O editor-executivo do Intercept, Leandro Demori, também comentou sobre o trabalho de Stille na rede social. Ele encaminhou um texto do veículo que compila fatos relatados pela série de reportagens. Os internautas, tampouco perdoaram. “Ele já era um péssimo juiz antes de fazer parte do governo”, disse um.

“Quem tem vergonha na cara não quer ter seu nome associado ao de Sergio Moro”, escreveu Demori. O jornalista ainda completou sobre a comparação da Lava Jato com ações da Justiça italiana contra a máfia. “Moro gosta que comparem ele a Giovanni Falcone. Nada mais falso. Falcone não trabalhou na Mãos Limpas, operação que inspirou a Lava Jato. Moro faz questão de deixar essa fraude biográfica prosperar. Não cola”, observa. O editor do Intercept acrescenta ainda: “Falcone nunca foi ministro de miliciano nem protegeu a máfia”.


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