Sem boiada

Brasil perderá trilhões de dólares se não mudar sua política ambiental

Em carta a Bolsonaro, grandes investidores europeus criticam a gestão de Ricardo Salles e alertam que deixam o país se avançar a destruição da Amazônia

Beto Ricardo/Instituto Socioambiental
Beto Ricardo/Instituto Socioambiental

São Paulo – Ganhou destaque na imprensa internacional o aumento da pressão de grandes investidores mundiais contra a política ambiental do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Ricardo Salles, marcada pela destruição da Amazônia. Segundo os jornais britânicos Financial Times e The Guardian, representantes de 29 instituições financeiras de países como Estados Unidos, Reino Unido, Noruega e Japão divulgaram hoje (23) carta enviada ao governo brasileiro.

Partindo do pressuposto de que as instituições financeiras têm o dever de combater as mudanças climáticas, os investidores alertam que o Brasil tem de parar. A devastação na Amazônia, que segue acelerada. “É com profunda preocupação que acompanhamos a tendência de aumento do desmatamento no Brasil”, destacou o grupo, que administra US $ 3,7 trilhões. “A Amazônia atingiu seu maior nível de destruição em uma década no ano passado, já sob o governo Bolsonaro. O líder de extrema direita prometeu desenvolver a região e reduzir a proteção ambiental.”

Desinvestimento

“Temos diretrizes muito rígidas para aos nossos investimentos. Se houver o risco de estarmos contribuindo para uma grave degradação ambiental ou violações dos direitos humanos, então precisamos considerar o desinvestimento. O que acontece no Brasil é alarmante. Representa um alto risco de degradação ambiental e de violações dos direitos humanos”, afirma Jeanett Bergan, chefe do KLP, maior fundo de pensão da Noruega. “É por isso que temos de trabalhar muito a sério com esse problema.”

A fala do ministro Ricardo Salles na reunião ministerial de 22 de abril, em que sugeria que o governo deveria aproveitar a atenção da imprensa na covid-19 para “passar a boiada” da desregulamentação ambiental, também foi criticada.

“[Instamos] o governo do Brasil a demonstrar um compromisso claro com a eliminação do desmatamento e a proteção dos direitos dos povos indígenas”, escreveram os investidores.