Na curva

Por ameaça de golpe e fake news, STF ‘está chegando’ em Eduardo e Carlos Bolsonaro

Celso de Mello manda novo abacaxi da família Bolsonaro para Aras descascar. E reportagem diz que papel de Carlos no gabinete do ódio está a caminho do STF

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Sem interesse em defender o país da pandemia, sem capacidade de defender a economia, Bolsonaro faz da defesa dos filhos uma das prioridades da gestão

São Paulo – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello pediu que declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) incitando golpe de Estado sejam analisadas. O pedido foi encaminhado nesta sexta-feira (29), ao procurador-geral da República, Augusto Aras. Outro filho do presidente Jair, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), também já estaria próximo da lupa do Supremo. Neste caso, por sua liderança do chamado gabinete do ódio – a indústria de disparo ilegal de fake news com objetivo de manter a “base” do bolsonarismo.

A medida de Celso de Mello encaminhada à PGR decorre de ação movida pelo advogado Antonio Carlos Fernandes. Ele acusa Eduardo Bolsonaro de crime de “incitação à subversão da ordem política ou social previsto na Lei de Segurança Nacional”, por falas durante transmissão ao vivo, veiculada nas redes sociais, na quarta-feira, 27 de maio.

Eduardo disse: “Até entendo quem tem uma postura moderada para não chegar num momento de ruptura, de cisão ainda maior, de conflito ainda maior (…) Mas, falando abertamente, (…), não é mais uma opinião de se, mas de quando isso vai ocorrer”.

No despacho enviado a Aras, Celso escreveu que é “imprescindível, em regra, a apuração dos fatos delatados, quaisquer que possam ser as pessoas alegadamente envolvidas, ainda que se trate de alguém investido de autoridade na hierarquia da República, independentemente do Poder (Legislativo, Executivo ou Judiciário) a que tal agente se ache vinculado”. 

Gabinete do Ódio

O ministro desenha, com o argumento, a atribuição constitucional do Supremo de determinar apurações de casos como esse. Independentemente de a que Poder da República o implicado responda. Ou seja, não se trata de “choque” entre Poderes.

Mello enfatiza, porém, que quem decide é o procurador-geral, Augusto Aras – o possível “terceiro da lista” de Jair Bolsonaro para uma futura indicação ao Supremo – se ele for presidente até lá.

Outra tarefa em ação no STF – sobre a hostilidade e as fake news disseminadas pelo “gabinete do ódio” contra ministros da Corte – estaria próximo de chegar na família. O processo relatado por Alexandre de Moraes, que teve bolsonaristas ameaçadores à porta de sua residência recentemente, estaria fechando o cerco sobre essa fábrica de fake news. O “gabinete” seria operado por assessores do Planalto e comandado por Carlos Bolsonaro. A informação é de Rafael Moraes Moura, do Estadão.

Segundo a reportagem, Moraes reserva para a etapa final das investigações a investida sobre Carlos. O ministro receia queimar a largada e provocar mais desgastes e reações ao processo.

De início, o inquérito resultou na apreensão de documentos, computadores e celulares em endereços de 17 pessoas suspeitas de integrar a rede bolsonarista de intrigas. Entra elas empresários como Luciano Hang e Edgar Corona, que estariam por trás do financiamento ilegal de fake news desde antes da eleição de 2018. Outros oito parlamentares foram convocados a depor.

Carlos Bolsonaro considera a investigação resultado de acusações mentirosas e sem provas. “Nunca tiveram provas. Apenas narrativas. Revelações literalmente inventadas por 2 parlamentares e agora apoiadas por biografados. Forçam busca e apreensão ilegais para criarem os fatos e ganharem fôlego. Então cassam a chapa. Será?”, tuitou o filho Zero Três ontem.


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