Intervenção militar

Quase 190 mil militares recebem auxílio emergencial indevido e sem filas

Montante desviado soma quase R$ 114 milhões. Ministério da Defesa diz que apura o ocorrido. Militares também foram alvo de ataque hacker no fim de semana

Alan Santos/PR
Alan Santos/PR
Militares dizem que vão apurar se houve pagamento indevido. Ministério da Cidadania e Dataprev não souberam explicar o ocorrido

São Paulo – Enquanto milhões de brasileiro estão com seus pedidos do auxílio emergencial ainda em análise, 189.695 militares receberam o benefício e sem pegar fila. Teriam sido pagos R$ 114 milhões a militares da ativa, da reserva, reformados, pensionistas e anistiados, segundo informações do Correio Braziliense desta segunda-feira (11) .

O ministério da Defesa afirmou, em nota, que “estão sendo adotadas medidas para apuração do ocorrido, visando identificar se houve valores recebidos indevidamente, de modo a permitir a restituição ao erário e as demais considerações de ordem administrativo-disciplinar, como necessário”.

A Caixa Econômica Federal informou que é responsável apenas pelo pagamento do auxílio emergenciai, cujos dados são processados pela Dataprev, com base em informações recebidas do Ministério da Cidadania. Estes últimos dizem aguardar pronunciamento das suas áreas técnicas sobre o que permitiu o recebimento do auxílio emergencial por militares que não fazem jus ao benefício.

O auxílio de R$ 600 por três meses é destinado a desempregados e autônomos que perderam renda em função da pandemia de coronavírus. A ampliação do auxílio para outras categorias de trabalhadores prejudicados – como agricultores familiares –, que foi aprovada pelo Congresso Nacional, aguarda a sanção do presidente Jair Bolsonaro.

Hackers cobram postura do Exército

No domingo (10), 200 mil militares tiveram seus dados pessoais divulgados em uma conta no Twitter. O ataque, segundo o grupo Digital Space, é uma retaliação às declarações e ações do presidente Jair Bolsonaro que contrariam as determinações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o combate à pandemia.

Foram expostos os nomes completos dos militares, seus e-mails institucionais, títulos de eleitor e números de telefone e dados bancários. Alguns arquivos continham informações sensíveis como CPF; nome dos pais; estado civil; nível de escolaridade; religião e números de RG, CNH, entre outras. Logins de cadastro e dicas de senhas também foram divulgados.

Ao site TecMundo, um dos hackers cita gastos de R$ 3 milhões do Exército na aquisição de serviços e equipamentos para realização de evento – com potencial de “causar aglomerações” – com a presença do presidente Jair Bolsonaro. Após divulgação pela imprensa, a licitação foi cancelada.

“Se isso (a licitação) não fosse exposto, eles teriam prosseguido como algo normal. Se isso ocorreu de forma oculta e foi cancelado assim que exposto, imagine o que eles fazem às escondidas e que ainda não foi divulgado? Fizemos isso (a invasão) combatendo os erros do atual governo e do Exército”.

Os hackers prometem expor mais informações dos militares, se outras medidas não forem tomadas. Segundo o grupo, as informações divulgadas não chegam a 25% dos dados coletados, que envolvem militares e funcionários de outros órgãos.


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