Jogo duplo

Mídia tradicional quer a saída de Bolsonaro, mas apoia Moro e Guedes

Em participações no mutirão digital Lula Livre “Salvar o Povo para Salvar a Economia” deste sábado, jornalista Rodrigo Vianna destacou que a Lava Jato foi a “semente” de Bolsonaro e jurista Carol Proner, que Moro também tem que ser responsabilizado

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Rodrigo Viana e Carol Proner (abaixo), durante participação no Mutirão Lula Livre: agenda neoliberal ainda segura Bolsonaro no poder e a mídia, aliada

São Paulo – Para o jornalista Rodrigo Vianna, a saída do ex-ministro Sergio Moro do governo Bolsonaro representa um “racha” no bloco da direita, com o afastamento de setores tradicionais das alas radicais do bolsonarismo. Outro símbolo dessa ruptura foi a decisão inédita de veículos de comunicação de não mandar jornalistas ao “chiqueirinho” do Palácio do Alvorada. Contudo, seguem apoiando não apenas Moro como as políticas neoliberais do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Segundo a advogada e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carol Proner, não é possível poupar Moro. Além da sua atuação parcial como juiz da Lava Jato, como ministro ele “prevaricou” ao não denunciar os inúmeros crimes cometidos pelo governo Bolsonaro. Também cometeu crime ao pedir pensão ilegal à família e barganhar pela indicação à cadeira do STF.

Carol e Vianna trataram das questões jurídicas e políticas que envolvem Bolsonaro e Moro, neste sábado (30), durante a transmissão do Mutirão Digital Lula Livre.

“Moro virou um representante desse setor da centro-direita que tenta, de novo, se viabilizar, agora separado do Bolsonaro. De preferência, afastando o presidente. Para isso, precisam de algum tipo de aliança com o lado de cá, das pessoas que sempre defenderam a democracia e que sempre disseram que a Lava Jato ia dar nisso. A Lava Jato foi a semente de algo muito perigoso. E Bolsonaro é parte disso”, analisou o jornalista.

Afastamento

Para Carol, que também é integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), a reunião ministerial ocorrida em 22 de abril, que precipitou a saída de Moro do governo, é “um show de crimes de natureza política” e “engrossa o caldo do processo de impeachment.” Já são 38 pedidos protocolados e outros estão sendo preparados.

Ela citou frase da professora de Direito Penal e Criminologia da Universidade de Brasília (UnB) Beatriz Vargas que diz que “tão grave quanto um impeachment sem crime de responsabilidade”, como ocorreu com a ex-presidenta Dilma Roussef, “são crimes de responsabilidade sem impeachment”, como os inúmeros cometidos por Bolsonaro.

O mutirão

O Mutirão Digital Lula Livre é uma ação virtual que pretende dialogar com a população sobre os riscos à democracia, que vêm desde o golpe do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff e se aprofundam, atualmente, durante o governo Bolsonaro. Em meio a isso, a perseguição judicial ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi ilegalmente alijado da última disputa eleitoral.

A palavra de ordem é #AnulaSTF, para que o Supremo Tribunal Federal (STF) inicie o julgamento da suspeição do então juiz Sergio Moro. São inúmeros os indícios e provas, inclusive com diálogos publicados pelo The Intercept Brasil, que demonstram que a lei deturpada e usada como arma política para tentar afastar Lula da cena política brasileira.

A TVT e o Brasil de Fato participaram do mutirão, juntamente com outras mais de 70 páginas em transmissão simultânea.


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