Irresponsabilidade

Bolsonaro inicia ‘fritura’ de Teich e brinca com a saúde do povo, diz cientista política

Rosemary Segurado também criticou ação política de Bolsonaro na divulgação de seus exames

José Dias/PR
José Dias/PR
Teich se mostrou incomodado com o decreto de Bolsonaro, que colocou salões de beleza e academias como atividades essenciais

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro começou a ‘fritar’ o ministro da Saúde, Nelson Teich, segundo a cientista política e professora da PUC-SP Rosemary Segurado. No Twitter, Teich escreveu na terça-feira (12) que o medicamento apresenta efeitos colaterais e que a prescrição deve ser feita em acordo entre paciente e médico, entendidos os riscos. Ontem, o presidente reagiu defendendo o remédio e dizendo que quer ministros “afinados” com ele.

Além disso, o titular da pasta da Saúde foi surpreendido em plena entrevista coletiva com o decreto de Bolsonaro que colocou salões de beleza, barbearias e academias esportivas como atividades essenciais. “Ele está sendo ‘fritado’ e é muito grave isso acontecer durante uma pandemia, onde os números de mortos sobem a cada dia. Então, quando alguém não concorda com o presidente, que não é médico, está fora. É uma irresponsabilidade social”, disse Rosemary.

Nesta quarta-feira (13), o Bolsonaro voltou a defender o isolamento vertical, ou seja, deixar apenas os mais vulneráveis ao coronavírus em casa. “O isolamento social é uma questão concreta, mas ele quer tirar a responsabilidade do Estado. É o único governante que tem essa postura de brincar com a saúde da população”, acrescentou, em entrevista a Marilu Cabañas e Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.

Transparência

Ainda ontem, laudos entregues pelo governo ao Supremo Tribunal Federal (STF) indicam que o presidente teve resultado negativo nos exames para o novo coronavírus. A cientista política critica o fato de Bolsonaro fazer disso um episódio político para buscar popularidade. “Para que fazer isso? É uma brincadeira com a saúde. Faz mais de um mês que se debate esse exame dele, enquanto no mundo inteiro houve transparência sobre os exames dos líderes. Ele não tem empatia com a população, só pensa nele.”

Rosemary também lamentou a falta de divulgação do vídeo da reunião ministerial entre Bolsonaro e ex-ministro da Justiça Sergio Moro. O procurador-geral da República, Augusto Aras, apontou problemas na publicidade do material.

“Caso não divulgue o vídeo da conversa com Moro, estaremos reféns de um governo que traça uma política para proteger sua família. Não adianta falar que há questões de segurança nacional quando o presidente disse, na reunião, que a polícia precisa proteger seus amigos”, finalizou.