'Chegamos ao nosso limite'

Bolsonaro sugere que PF pode desacatar STF: ‘Ordens absurdas não se cumprem’

Ministro da Justiça também entrou com pedido de habeas corpus para o ministro da Educação, Abraham Weintraub, convocado a prestar depoimento sobre ameaças ao STF

Reprodução/Youtube
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"Não dá para admitir mais atitudes de certas pessoas individuais"

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro admitiu nesta quinta-feira (28) que a Polícia Federal (PF) pode não cumprir ordens de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como as expedidas ontem pelo ministro Alexandre de Moraes, no inquérito que investiga a propagação de fake news contra a própria Corte. “Nunca tive a intenção de controlar a Polícia Federal. Pelo menos isso serviu para mostrar ontem. Mas obviamente ordens absurdas não se cumprem. E nós temos que botar um limite nessas questões”, afirmou.

Ele classificou as ações de busca e apreensão contra deputados aliados, empresários e blogueiros suspeitos de participarem do esquema como “o último dia triste”. “Não vai acontecer mais. Chegamos ao nosso limite.”

Para o presidente, só são legitimas as ações dos poderes Legislativo e Judiciário quando tomadas de forma “colegiada”. “Acabou, porra!”, ameaçou, aos berros, na saída do Palácio do Planalto. “Não dá para admitir mais atitudes de certas pessoas individuais.”

Questionado por um jornalista quais seriam os ditos “limites” que adotaria, ele se recusou a responder. “Não perguntei. Quem está falando sou eu. Não estou dando entrevista. Quem não quiser me ouvir, pode ir embora.”

Bolsonaro afirmou que o seu governo trabalhou “quase o dia todo” nesta quarta-feira (27), “com dor no coração”, para tomar providências em favor das pessoas que tiveram as suas “propriedades privadas violadas”, em função das ações policiais.

Habeas corpus

Dentre as providências tomadas contra as ações do STF pelo governo Bolsonaro, o ministro da Justiça, André Mendonça, entrou com pedido de habeas corpus em favor do ministro da Educação, Abraham Weintraub, e das demais pessoas envolvidas no inquérito das fake news. Segundo Mendonça, a medida pretende “garantir a liberdade de expressão dos cidadãos”.

Na reunião ministerial de 22 de abril, que teve o vídeo divulgado na semana passada, Weintraub sugeriu colocar “todos esses vagabundos na cadeia, começando no STF”. O ministro Alexandre de Moraes mandou o ministro prestar depoimento à PF em cinco dias.

Para o ministro do STF, há indícios de que Weintraub cometeu crimes de injúria e difamação contra os integrantes da Suprema Corte, além de crimes contra a segurança nacional e a ordem política e social. Nos bastidores do governo, aliados de Bolsonaro e o próprio presidente chegaram a cogitar desacatar também a determinação para que o ministro da Educação fosse ouvido no inquérito.


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