Eleições 2020

Após retirada de Freixo, esquerda procura nome para disputar a prefeitura do Rio

“Estou retirando o meu nome para que a gente construa uma alternativa de unidade para a defesa da democracia”, afirmou parlamentar

Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Luis Macedo/Câmara dos Deputados
O fascismo não é uma tese, é uma prática. Está sendo colocado em prática no Brasil”, disse deputado

São Paulo – Após o deputado federal Marcelo Freixo (Psol) desistir de sua candidatura à prefeitura do Rio de Janeiro, a esquerda está à procura de um candidato competitivo na capital fluminense, embora nem todos os partidos progressistas concordem com um candidato único. Ao retirar sua candidatura, na sexta-feira (15), Freixo fez um apelo por unidade. Segundo ele, a união dos partidos de oposição ao governo federal é fundamental em todo o país para enfrentar a ameaça do fascismo, tanto nas eleições 2020 quanto de 2022..

“Abro mão (da candidatura) porque qual é o sentido de uma esquerda dividida? Por que PSB e PDT não aceitam dialogar com o PT? Por que essa divisão diante da instalação do fascismo no Brasil? O fascismo não é uma tese, é uma prática. Está sendo colocado em prática no Brasil”, disse, em vídeo publicado no fim de semana. “Estou retirando o meu nome para que a gente construa uma alternativa de unidade para a defesa da democracia. Não pode ter projeto pessoal acima da defesa da democracia”, acrescentou Freixo.

Para o deputado, a gravidade da situação do país não  permite que o campo progressista ignore a necessidade de unidade, contra projetos pessoais ou partidários. “O que está em risco é a democracia, são nossas vidas. Bolsonaro pode perfeitamente aplicar um golpe, promover estado de sítio.”

Membro do diretório nacional do PT e diretor da Fundação Perseu Abramo, Alberto Cantalice, do Rio, afirma que seu partido concorda com o “chamamento à unidade” do deputado do Psol e considera “ruim”o desfecho do processo, com a retirada da candidatura. “Freixo seria um candidato extremamente competitivo para chegar ao segundo turno. Mas o chamamento pela unidade não tem surtido eleito.”

Apoios

O dirigente lembra que o PT já estava praticamente fechado com o nome de Freixo. “Nenhum outro partido do campo progressista tinha sinalizado a perspectiva de fazer uma aliança, e tivemos um desfecho ruim”, afirma.

Freixo agradeceu o apoio que recebeu, no fim de semana, de lideranças de posições políticas diferentes, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad também postou mensagem dirigida ao deputado.

“O PT estava pronto a oferecer apoio à candidatura de @MarceloFreixo à prefeitura do RJ, como acontece em Porto Alegre, com @ManuelaDavila. Espero que os progressistas estejam unidos em torno de um nome que nos coloque no 2° turno para derrotar o atraso!”, escreveu o ex-prefeito.

“Tenho profundo respeito e admiração política pelo @MarceloFreixo e sei o que ele e sua família enfrentam no Rio de Janeiro. E essa coragem tem muito valor para mim. Seguimos juntos na luta contra o fascismo, companheiro”, postou Lula.

O presidente da Câmara também falou em respeito. “Eu e @MarceloFreixo pensamos de forma diferente em vários aspectos, mas as diferenças nunca foram obstáculos para o diálogo. Respeito muito a história do deputado”, escreveu.

Diferenças

Na mensagem que foi ao ar no fim de semana, Freixo também mencionou “as diferenças” entre ele e o presidente da Câmara, “mas (ele) postou falando em nome da democracia”.

De acordo com Cantalice, o PT no Rio vai continuar trabalhando pela unidade do campo progressista. “Mas se não houver, vamos ter que lançar uma candidatura.” De acordo com o dirigente, o nome mais comentado no PT é o da deputada Benedita da Silva. “O quadro está muito indefinido, então não tem como fazer um prognóstico mais para a frente. Mas o nome dela é bastante competitivo”, diz o petista.

Em entrevista ao blog O Cafezinho, a Delegada Martha Rocha, deputada estadual pelo PDT e pré-candidata à prefeitura do Rio, explicitou que não está trabalhando por uma candidatura de unidade. “Não serei vice de ninguém”, afirmou. “Hoje, o PDT terá uma candidata e ela será Martha Rocha”, ela acrescentou. Outro nome comentado como possível candidato é o deputado federal Alessandro Molon (PSB).

No campo conservador, o atual prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos), e o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) estarão na disputa. A deputada federal Clarissa Garotinho (Pros) também deve ser candidata.

Freixo afirma defender o impeachment de Bolsonaro, mas, também nesse caso, a partir de “uma ação coletiva”. Segundo ele, o impedimento de Bolsonaro não resolve o problema do país. “É evidente que Mourão pensa igual a Bolsonaro e é o mesmo projeto.” O parlamentar mencionou artigo do vice-presidente Hamilton Mourão, publicado no dia 14 no jornal O Estado de S. Paulo, no qual o general fala em “estrago institucional que já vinha ocorrendo, mas agora atingiu as raias da insensatez”, e que, segundo ele, “está levando o País ao caos”.


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