neofascismo

‘Bolsonaro é um psicopata, que conduz o Brasil em direção ao iceberg’, diz Frei Betto

Em seu novo livro ‘O Diabo na Corte’, religioso mostra os motivos que levaram o neofascismo à Presidência

Marcos Corrêa/PR
Marcos Corrêa/PR
No livro, Frei Betto escreve a ascensão das forças de direita, as suspeitas de corrupção da família presidencial e a manipulação eletrônica do processo eleitoral

São Paulo – Para o religioso, teólogo e escritor Frei Betto, que em seu novo livro, O Diabo na Corte, traça um perfil e analisa o caráter de Jair Bolsonaro, o presidente “não é um louco, mas um psicopata”, que conduz o Brasil em direção do caos. Neste domingo (19), Bolsonaro voltou a apoiar manifestações antidemocráticas, além de provocar novas aglomerações em Brasília e desprezar os efeitos da disseminação do novo coronavírus sobre a população.

No livro, publicado pela Editora Cortez, Frei Betto faz uma análise crítica da conjuntura social e política brasileira a partir das eleições de 2018. A obra mostra as mudanças que a radicalização conservadora e o ultraliberalismo econômico vêm impondo ao país desde a vitória de Bolsonaro naquela corrida presidencial.

“A obra mostra o caráter neofascista deste governo. Bolsonaro não é louco, é psicopata, insensível à dor alheia. Quando ele diz que 70% vai pegar o coronavírus e ainda assim pouco faz para preservar as vidas, isso tem ligação com seu passad, marcado pelo apoio à tortura”, diz Frei Betto, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Nesta segunda-feira (20), o presidente voltou a defender o relaxamento das medidas de isolamento social contra o coronavírus e voltou a dizer que “aproximadamente 70% da população vai ser infectada , não adianta querer correr disso”. No mais recente balanço oficial do avanço da pandemia no país, já passam de 39.100 casos e 2.484 mortes pela covid-19, a doença provocada pelo vírus.

O escritor lamenta a inércia do Poder Judiciário sobre os diversos crimes de responsabilidade já cometidos por Bolsonaro desde sua posse. “Era para a Procuradoria-Geral da República fazer uma representação contra a violação da Constituição, que diz que o chefe de Estado não pode colocar a nação em risco. Ele comete vários crimes de responsabilidade, mas não passa disso. Ele precisa ser removido da Presidência, porque conduz o Brasil contra o iceberg e está gostando”, alertou.

Transformação

No livro, Frei Betto descreve a ascensão das forças de direita, as suspeitas de corrupção da família presidencial, a manipulação do processo eleitoral, as fake news em profusão, a instrumentalização de igrejas evangélicas conservadoras e o perfil das figuras mais destacadas do atual corpo ministerial de Bolsonaro.

(Divulgação)

O autor afirma que essa transformação do país, que resultou na eleição de Bolsonaro, foi motivada pela falta de politização do brasileiro, que abraçou inconsequentemente o discurso conservador.

“O governo petista não aproveitou os 13 anos no poder para politizar as pessoas e encarar o governo além da ótica dos bens de consumo. Abandonamos o trabalho de base, que foi intenso nos anos 80 e 90 e resultaram na eleição de Lula. É preciso a gente fazer um balanço e retomar desde onde falhamos, para entender porque nosso espaço foi ocupado pelas forças conservadoras”, completa.

A crise provocada pelo novo coronavírus ascendeu o debate sobre a necessidade de mudanças nas políticas econômicas adotadas pelo mundo e as relações de trabalho. Por outro lado, o religioso não acredita que a tragédia iminente que resultará do crise sanitária fará o cenário mudar.

“Eu não sou otimista com grandes mudanças. Enquanto a cultura do capitalismo perdurar, não haverá grande mudanças. Pode ainda piorar. Com o aumento da xenofobia haverá menos solidariedade entre nações, pouco interessadas nos vizinhos. Além disso, o capitalismo vai querer se recuperar dessa crise de forma rápida, o que vai causar o aumento do emprego e da exclusão social”, lamenta.

Ouça Frei Betto na Rádio Brasil Atual:


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