Emergência?

Mandetta contrata empresa de antigo doador de campanha sem licitação

Foi contratada uma das empresas de Aurélio Nogueira Costa, que doou em 2010 e 2014, quando o atual ministro concorreu à Câmara pelo DEM-MS

Carolina Antunes/PR
Carolina Antunes/PR
Mandetta aproveitou a prerrogativa de contratação sem licitação, aberta pela crise do coronavírus, para beneficiar antigos amigos

São Paulo – O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, aproveitou a emergência do avanço do coronavírus no Brasil, que permite ao governo fazer contratações sem a realização de licitação, para beneficiar antigos amigos. Conforme edição desta quarta-feira (18) do Diário Oficial da União, a pasta fez uma compra de aventais hospitalares no valor de R$ 700 mil da empresa Prosanis Indústria e Comércio de Produtos Médicos e Hospitalares Ltda.

De acordo com a Receita Federal, a Prosanis, aberta em 2013, tem em seu quadro societário o empresário Aurélio Nogueira Costa, que tem outros negócios no ramo. Entre eles, a Cirumed Comércio Ltda, aberta em 1991.

A Cirumed, por sua vez, foi doadora de campanha de Mandetta nas duas vezes em que ele disputou uma vaga de deputado federal. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2010 a empresa de Aurélio Nogueira Costa doou R$ 50 mil. E na eleição seguinte, em 2014, o valor quase dobrou: R$ 93.980,00.

A Cirumed tem um histórico de fornecimento de produtos ao governo quando há dispensa de licitação. E também de envolvimento em irregularidades apontadas por órgãos de fiscalização.

Uma delas foi identificada pelos auditores da Controladoria-Geral da União em 2018, no Fundo Municipal de Saúde na Prefeitura Municipal de Rio Verde de Mato Grosso (MS). De um montante de R$ 487.278,18 fiscalizado, foi identificado prejuízo de R$ 42.747,78 decorrente da prática de sobrepreço pela Cirumed e outras duas empresas.

A Cirumed também é alvo de inquérito civil do Ministério Público do Mato Grosso do Sul, que apura irregularidades no Hospital Regional do Estado envolvendo notas fiscais frias.

Sem contar outras irregularidades, como a venda de tiras e aparelhos para testes rápidos de glicemia para a Prefeitura de Campo Grande em 2013. Na época, em inquérito civil, o MP estadual havia apurado que a única empresa aprovada em licitação apresentava margem de erro média de 55%.