Esforço

Hora é de correr para enfrentar o coronavírus, diz Jandira Feghali

Bolsonaro dobra a aposta no conflito, em vez de se preocupar em adotar medidas para preservar a população, critica a deputada

Max Haack/Secom
Max Haack/Secom
Enquanto a epidemia avança, governo federal lança campanha para as pessoas saírem de casa

São Paulo – A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirma que a prioridade da Câmara neste momento deve ser a aprovação de medidas que fortaleçam o enfrentamento à pandemia de coronavírus. Segundo ela, não é hora de cair nas “armadilhas” políticas armadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que sempre procura “dobrar a aposta” no conflito com os governadores e com o Congresso, em vez de acatar as recomendações da OMS – de manter ao máximo as pessoas em suas casas como forma de conter a propagação da doença.

Apesar de não faltarem motivos, ela disse que a Câmara não pode paralisar suas atividades, nesse momento, para iniciar um processo de impeachment contra o presidente. A prioridade, segundo ela, é defender e fortalecer as medidas sanitárias de contenção, fortalecer o SUS e garantir emprego e renda para as pessoas.

“O nosso terreno é enfrentar os gravíssimos problemas que a sociedade está vivendo. Precisamos defender, de fato, a vida das pessoas, dando capacidade de atendimento ao SUS. Para além da renda básica emergencial, precisamos aprovar medidas em defesa do emprego, apoiando as micro, pequenas e médias empresas, tendo como contrapartida a não demissão. Precisamos correr com tudo isso”, afirmou em entrevista ao jornalista Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta sexta-feira (27).

Renda emergencial e BPC

A deputada comemorou a aprovação, nesta quinta-feira (26), do projeto que institui renda emergencial de até R$ 1.200 por família de baixa renda, autônomos, desempregados afetados pela crise decorrente do isolamento necessário no combate ao avanço da disseminação do coronavírus.

Ela classificou de “deboche” e “absurdo” a proposta inicial apresentada pelo governo que previa auxílio de até R$ 200 para os autônomos. “O cabeça do governo ainda está na agenda anterior à crise. Não estão nem aí se as pessoas morrem ou não morrem. Falo da cabeça do presidente da República”, criticou.

Na mesma votação, estabeleceu-se que a partir do ano que vem, famílias idosos e deficientes de famílias com renda per capita inferior a meio salário mínimo terão acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). A proposta do Congresso havia sido vetada por Bolsonaro. Na sequência, o veto foi derrubado pelos parlamentares. Depois, o Tribunal de Contas da União, entrou com liminar alegando a falta de previsão orçamentária. Segundo Jandira, esse “imbróglio” também foi solucionado na noite de ontem.

Tem que parar

Jandira, que é médica, classificou como “absolutamente criminosa” a campanha lançada pelo governo, intitulada “O Brasil não pode parar” – Milão, na Itália, adotou essa postura e colheu 4,4 mil mortos –, que defende a flexibilização das regras de isolamento social determinadas para conter a pandemia.

Ela diz que o partido estuda ações jurídicas para derrubar essa ação. ” Uma coisa inacreditável. É crime sequenciado o que ele comete.” Além da campanha oficial, o presidente tem divulgado carreatas a serem realizadas em diversas cidades do país defendendo a reabertura do comércio.