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Bolsonaro e o ato contra democracia: ‘Golpismo faz parte de sua natureza’, diz deputado

“Até quando Maia e Alcolumbre vão se calar?”, questionou Gleisi Hoffmann, depois que o presidente defendeu que a população participe dos atos de 15 de março

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"Não é contra o Congresso, contra o Judiciário, é pró-Brasil", disse o presidente Bolsonaro

São Paulo – “Presidente Jair Bolsonaro se pronunciou agora pouco em Roraima sobre as manifestações de 15 DE MARÇO. Assista”. Assim o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) introduziu nas redes sociais neste sábado (7) a fala do pai, o presidente Jair Bolsonaro, em evento público na capital do estado, Boa Vista, conclamando a população a participar dos atos que vão destinar críticas ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Pessoal, não é fácil. Já levei facada no meu pescoço dentro do meu gabinete por pessoas que não pensam no Brasil, só pensam neles. No dia 15, tem um movimento de rua espontâneo e o político que tem medo de movimento de rua não serve pra ser político. Então, participem! Não é contra o Congresso, contra o Judiciário, é pró-Brasil. (Vamos) mostrar pra todos nós que quem dá o norte para o Brasil é a população”, disse o presidente Bolsonaro, numa tentativa de aliviar o caráter autoritário e antidemocrático do evento.

15 de março será o dia em que os apoiadores do governo prometem tomar as ruas e levantar as bandeiras em favor dos retrocessos políticos e econômicos que estão em curso no país. Quem tentou dar força ao evento foi o general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional. Em 19 de fevereiro, ele mostrou irritação com as pressões do Congresso pelo controle do orçamento de 2020 do governo federal. Estavam em pauta os vetos de Bolsonaro ao orçamento impositivo. Na reunião de ministros, Heleno disse que Bolsonaro não deveria ceder às chantagens do Legislativo e que deveria “convocar o povo às ruas”.

“Bolsonaro não desistiu de acuar o Congresso e o STF. O golpismo faz parte da sua natureza fascista. Todos os democratas tem que reagir contra essa atitude”, disse o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), em sua conta no Twitter neste sábado.

“Cada vez mais descarada a provocação de Bolsonaro contra as instituições da democracia. Até quando Maia e Alcolumbre vão se calar? Até o próximo acórdão? E ainda faz comício fascista numa área militar para mentir ao país. Generais que se prestam a isso deviam pendurar a farda”, disse a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) nas redes sociais.

“Dessa vez não teve vídeo de Boldonaro (sic) para amigos no WhatsApp. Teve apoio aberto, escancarado, às manifestações”, afirmou a jornalista Mônica Bergamo, no Twitter.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a fala do presidente provocou indignação nas lideranças do Senado, da Câmara e do STF. “Ao tomar conhecimento da fala de Bolsonaro, Alcolumbre conversou com Toffoli. Combinaram que, se houver uma manifestação, será conjunta, do Legislativo e do Judiciário, e mais dura que as anteriores. Alcolumbre demonstrou a interlocutores irritação e preocupação e considerou o episódio deste sábado uma ‘situação grave’”, informou a Folha.

Já neste sábado, o general Heleno, acompanhando o presidente em Boa Vista, tentou seguir a linha de discurso para aliviar a face antidemocrática das manifestações: “Estamos diante de uma realidade inevitável. O presidente Bolsonaro fará um novo Brasil, que está dando certo. Ele tem encontrado uma resistência muito grande, porque a rede de corrupção que se criou neste país e que está sendo desbaratada neste governo tem prejudicado planos espúrios de muita gente. Quem diz que é um movimento (o de 15 de março) contra a democracia está mentindo e quer calar o povo brasileiro!”