Crise e pandemia

Bolsonaro deveria ter ‘vergonha na cara’ e renunciar, diz Gleisi

Presidente flerta com a morte das pessoas, promovendo guerra entre a economia e a saúde. “O que falta é comando”, afirma presidenta do PT

Gustavo Bezerra/PT na Câmara
Gustavo Bezerra/PT na Câmara
Segundo Gleisi, Bolsonaro cogitou demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta

São Paulo – A presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), afirmou nesta quinta-feira (26) que o ideal seria que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tivesse “vergonha na cara” e renunciasse, pois está fazendo mal ao Brasil na condução do combate à pandemia do coronavírus. Endossando as declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou que Bolsonaro não tem “estatura psicológica” para liderar o país durante a crise, ela classificou como “uma tragédia” o pronunciamento presidencial da última terça (24).

“Lula expressou um sentimento que vem crescendo na sociedade. Bolsonaro realmente não está à altura do cargo. Nessa crise que estamos vivendo, o pronunciamento que ele fez foi uma tragédia. Flertou com a morte das pessoas e atribuiu um eventual caos às consequências do combate à doença, quando na verdade será culpa dele pelas suas ações e pela falta delas”, afirmou Gleisi a Glauco Faria e Marilu Cabañas, para o Jornal Brasil Atual.

Saídas para a crise

Gleisi ponderou que a abertura de um processo de impeachment não é a melhor saída, neste momento, pois levaria meses para ser concluído e travaria as votações no Congresso Nacional de medidas emergenciais para mitigar os efeitos econômicos e sociais da pandemia. Além da renúncia, outra alternativa, segundo ela, é a cassação da chapa presidencial por crime eleitoral em função das denúncias envolvendo esquema de disparos em massa de notícias falsas – fake news – durante a campanha, financiado com recursos de ilegais de caixa 2.

Mandetta

Concluídas as votações no Congresso das medidas emergenciais – que tem na pauta a implementação de uma renda emergencial para pessoas em situação de vulnerabilidade social, trabalhadores informais e desempregados, além de auxílio às empresas visando a manutenção dos empregos – será a hora de convocar o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para prestar explicações sobre as mudanças de postura em relação às medidas de isolamento social adotadas no combate ao coronavírus.

Mandetta, que defendeu a implementação da quarentena no início da crise, agora tem se alinhado ao discurso de Bolsonaro, que reclama dos efeitos econômicos das medidas de distanciamento, e defende que apenas os grupos mais vulneráveis – como idosos e pessoas com doenças pré-existentes – devam permanecer em isolamento.

“O ministro está querendo salvar o emprego, por isso está se alinhando com o discurso de Bolsonaro. Começou defendendo a quarentena e agora mudou, porque Bolsonaro andou falando em demiti-lo. É importante deixar registrado. Estão fazendo uma guerra entre a saúde e a economia, como se fossem contraditórias. O que falta é comando no país. O que falta é direção”, afirmou a deputada.