Semana tensa

Gleisi: quem incentiva o motim da PM no Ceará é bandido também

Deputada pede “responsabilidade da instituição Forças Armadas e Força de Segurança Nacional, para restabelecer a paz no Ceará”

Reprodução/Facebook
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“Quem quer lutar pelos seus direitos não usa capuz”, diz presidenta do PT sobre motim de policiais no Ceará

São Paulo – Em vídeo divulgado no início da tarde de hoje (21), a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), comentou os “fatos muito graves que vivemos num curto espaço de tempo”, esta semana. Entre eles, o destaque principal da parlamentar foi o motim da polícia cearense, que ocupou a maior parte de sua fala. Ela dirigiu-se ao presidente Jair Bolsonaro: “Você é o grande responsável por movimentos assim estarem acontecendo no Brasil”.

“Tudo o que está acontecendo é responsabilidade de Jair Bolsonaro e sua família, as milícias que o apoiam e quem o apoia politicamente”, disse. “Quem está apoiando esse movimento é bandido também. E deve ter envolvimento com as milícias, muito ativas em todo o país.”

A deputada solidarizou-se com o governador do Ceará, o também petista Camilo Santana, e com o senador Cid Gomes (PDT), baleado na quarta-feira (19) em Sobral. Ela destacou que há bolsonaristas e  assessores da ministra Damares Alves incentivando e envolvidos no movimento. “É uma ação política deliberada para causar essa situação. Por isso estamos pedindo a responsabilidade da instituição Forças Armadas e Força de Segurança Nacional, para restabelecer a paz no Ceará”, pediu.

Pela lei, policiais não podem promover  movimentos como o que ocorre no Ceará, e essa foi um dos motivos pelos quais o Tribunal de Justiça do estado decidiu que a mobilização é ilegal.

Nesta quinta-feira (20), o ex-governador do Ceará Ciro Gomes também denunciou a presença de bolsonaristas incentivando o movimento no estado. Ciro citou a deputada Major Fabiana (PSL-RJ) em Sobral, segundo ele “ligada à milícia do Rio de Janeiro”.

“Que os responsáveis sejam responsabilizados, assim como quem atirou no senador Cid Gomes”, pediu Gleisi, que também solicita uma “posição firme das instituições”, citando particularmente o Congresso Nacional, o Senado e o Supremo Tribunal Federal.  Uma situação como essa exige uma resposta “muito contundente das instituições, principalmente do Senado”.

Ao comentar a justificativa de Bolsonaro para o ataque a Cid Gomes, Gleisi disse que as declarações do presidente são “assustadoras”. Segundo o mandatário, o ato dos atiradores foi uma reação “em legítima defesa de pessoas que estão reivindicando melhores salários”. “Eles são treinados para não atirar, não matar, e atiraram com projétil mesmo, não era bala de borracha. O que se vai esperar de um presidente que faz essa justificativa?”, questionou a presidenta do PT.

“Quem quer lutar pelos seus direitos não usa capuz”, continuou. “O que temos lá são pessoas amotinadas, encapuzadas, depredando patrimônio público, levando terror às cidades, e que foram capazes de atirar num senador da República e atirariam em qualquer pessoa que ousasse enfrentá-los.”

Ela acrescentou ser preocupante a situação de tensão no Nordeste em pleno Carnaval, e disse que o Ceará e a cidade de Fortaleza “não podem ficar sem força policial e as pessoas, sem proteção”.

Mencionou ainda, como fatos do contexto de uma semana “muito preocupante”, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter sido intimado a prestar depoimento na quarta-feira (19) em um inquérito que tramitava sigilosamente na Polícia Federal, instaurado a pedido do ministro da Justiça, Sergio Moro, com base na Lei de Segurança Nacional.

Também foram temas do pronunciamento da deputada “o cadáver falso” de Adriano Magalhães da Nóbrega, morto na Bahia, divulgado pelo senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) nas redes sociais, e a agressão à jornalista Patrícia Campos Mello por Bolsonaro. “Ele não consegue se defender do que ela revelou nas reportagens, então ataca a mulher.”

As ameaças do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, ao Congresso, também são preocupantes, observou Gleisi.

Assista: Bolsonaro é responsável por motins como o de policiais do CE, diz Gleisi