passado e futuro

Ex-ministro fala sobre legado e autocrítica do PT, aos 40 anos

"Como governo, nossa experiência na relação de uma força política com movimentos sociais demonstrou que outro Brasil é possível", disse Gilberto Carvalho

reprodução/facebook/gleisi hoffmann
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PT 40 anos: Legado mais lembrado pelo ex-ministro foi a redução da miséria

São Paulo – O ex-ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência Gilberto Carvalho falou com a Rádio Brasil Atual sobre os 40 anos do PT, celebrados nesta segunda-feira (10). Em uma avaliação sobre o legado do partido, ele sentenciou: “Faço um balanço muito positivo. Sonhávamos em fundar um partido que expressasse a luta dos trabalhadores (…) Ao longo desses anos, penso que conseguimos colocar em prática, mostrar a viabilidade de um projeto alternativo para o país”.

A experiência do partido como maior expressão política da esquerda na América Latina, sobretudo a prática colocada em 13 anos de governo federal, norteou a fala de Carvalho. “Como governo, nossa experiência na relação de uma força política com movimentos sociais demonstrou que outro Brasil é possível. Tanto fizemos que nos constituímos em uma ameaça ao sistema tradicional. Foi necessário, após quatro eleições vitoriosas, um golpe e a prisão do principal líder”, disse.

O legado mais lembrado pelo ex-ministro foi a redução da miséria, promovida pelos governos petistas. “Alcançamos o marco político e, sobretudo ético, na redução drástica da fome, ao ponto de sermos reconhecidos pela ONU como país livre da fome. Coisa que, infelizmente, está sendo cuidadosamente e cruelmente desmontada neste momento.”

Como autocrítica, Carvalho assumiu que “tivemos muitos erros em relação humana”. “Na medida em que fomos nos tornando uma instituição com carreira e lógica, fomos perdendo parte do vigor, da generosidade mais pura da origem do nosso partido. Nos distanciamos da base e, de alguma forma, nos descuidamos da formação de nossos quadros. Isso fez com que muitos de nós fôssemos cooptados pelo sistema. Fomos nos tornando um partido perigosamente semelhante, não igual, mas semelhante a outros com certo pragmatismo do ponto de vista do manuseio das finanças”, completou.

Por fim, o ex-ministro falou sobre o ataque que o partido acabou sofrendo. “O ataque que foi sendo feito sobre corrupção é uma estratégia que a direita sempre usou contra movimentos populares. Temos que reconhecer que também tivemos nossos erros, não tivemos a capacidade de fazer grande inserção econômica, junto dela política e cultural, de modo a criar uma resistência cultural ao modo de pensar, modo cético e violento. Esses erros facilitaram o caminho daqueles que viriam a afastar os defensores do povo do governo.”

Ouça a íntegra da entrevista