Recriação de ministério é incerta, mas suposto ministro sente-se à vontade para atacar Moro
“Quero que você me aponte qual foi a medida que ele (Moro) adotou (para a redução da criminalidade)”, indagou o ex-deputado Alberto Fraga
Publicado 23/01/2020 - 19h22
São Paulo – O ex-deputado e coronel da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal, Alberto Fraga, amigo pessoal do presidente Jair Bolsonaro, diz estar pronto para assumir o ministério da Segurança Pública, caso seja levada adiante a ideia de separar o hoje “superministério” da Justiça e Segurança Pública, chefiado por Sergio Moro.
Em entrevista ao jornal O Globo, ele defendeu o desmembramento do ministério, para que a pauta da segurança pública seja valorizada. Fraga também disse que as ações conduzidas por Moro no governo não têm relação com a redução de índices de criminalidade. “Como é que alguém vem e intitula alguém que é juiz como o bambambam? Não, isso está errado”, disparou o ex-deputado. “Quero que você me aponte qual foi a medida que ele (Moro) adotou (para a redução da criminalidade)”, indagou. Se de fato o novo ministério for criado, Fraga passará a cuidar inclusive da Polícia Federal. Suas declarações nesta quinta-feira (23) não deixam dúvidas que o suposto futuro ministro se sente à vontade para atacar Moro publicamente.
Fraga também fala sobre Bolsonaro: “Sou amigo pessoal dele e farei o que ele me pedir. O principal desafio da segurança pública, além da valorização da PM, é dar atenção especial ao sistema prisional. Hoje, nós temos as ações criminosas saindo dos presídios. A única medida tomada foi isolar as facções criminosas”, disse ao site Metrópoles.
Nesta manhã, Bolsonaro falou pela primeira vez sobre a recriação da pasta da Segurança Pública, deixando Moro no comando apenas da Justiça, e admitiu que “lógico que o Moro deve ser contra”.
“Isso é estudado, estudado com Moro, lógico que o Moro deve ser contra. Estudado com os demais ministros. O Rodrigo Maia [presidente da Câmara] é favorável à criação da Segurança, acredito que a Comissão de Segurança Pública, como trabalhou no passado, também seja favorável. Temos que ver como se comportam esses setores da sociedade para poder melhor decidir”, afirmou Bolsonaro.
“Se for criado [o Ministério da Segurança], daí ele [Moro] fica na Justiça. O que era inicialmente. Tanto é que, quando ele foi convidado, não existia ainda essa modulação de fundir com o Ministério da Segurança”, disse ainda.
Com Brasil 247