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Movimento Passe Livre se levanta contra a violência policial

Nas ruas de São Paulo desde o começo do ano contra o aumento nas tarifas de ônibus e metrô, manifestantes agora exigem tratamento digno das forças de segurança

movimento passe livre
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"Se querem mesmo garantir nosso direito de ir e vir, por que aumentam a tarifa? Por que o transporte é tão precário? Por que querem cortar centenas de linhas de ônibus?"

São Paulo – O Movimento Passe Livre (MPL) voltou às ruas de São Paulo no início da noite desta quinta-feira (30). Desta vez, o recado foi direcionado para as forças policiais do Estado, que vêm reprimindo violentamente os atos contra o aumento nas tarifas de ônibus e metrô, de R$ 4,30 para R$ 4,40. O acréscimo passou a valer em 1º de janeiro deste ano, o que motivou quatro atos do grupo até o momento.

Reunidos próximos ao prédio da Secretaria de Segurança Pública, no centro da capital, entoaram cantos contra a violência policial. O clima severo de chuva de verão reduziu o número de manifestantes, muitos chegaram atrasados ao ato marcado para 17h.

Em contrapartida, desde a tarde, o número de policiais no entorno da secretaria era enorme; totalmente desproporcional. Muitas ruas e saídas das estações de metrô próximas fechadas. Na rua do ato, a Líbero Badaró, próximo ao Largo São Francisco, as forças policiais montaram um cordão de isolamento para que os manifestantes não se aproximassem.

O movimento acusa o governo e a prefeitura, sob comando de dois tucanos, João Doria e Bruno Covas, respectivamente, de enganarem a população sobre os atos. “Tentam construir a imagem de que suas forças policiais atuam em ‘defesa do direito de ir e vir e da população’, mas quem está indo nas manifestações sabe bem que essa ‘mediação’ da Polícia Militar é fake news”, afirma o MPL.

Eles elencaram as razões pelas quais se levantam contra a polícia tucana. Acusam o governo de “causar terror psicológico, deixando as pessoas com medo de se somarem à manifestação; não deixar o ato andar pelas ruas; defender as catracas, nem que pra isso seja preciso muito dinheiro e violência com os/as de baixo; colocar a culpa nos manifestantes, chamando-os de vândalos e baderneiros, numa tentativa de jogar a população contra os atos e desmobilizar”.

Outro alvo comum da repressão nas últimas manifestações é a imprensa. A violência contra profissionais motivou o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo a realizar um plantão de apoio a repórteres vítimas. “Em 2020, ao menos sete profissionais sofreram algum tipo de agressão durante o exercício profissional na cobertura das manifestações contra o aumento dos transportes públicos na capital”, disse o sindicato.

Diante de tal quadro, os manifestantes do MPL questionam ações do poder público sobre o transporte no estado. “Se querem mesmo garantir nosso direito de ir e vir, por que aumentam a tarifa? Por que o transporte é tão precário? Por que querem cortar centenas de linhas de ônibus? Não podemos deixar os de cima nos enganar e dividir.”

Além do aumento nas tarifas, os manifestantes protestam contra cortes de verba no setor dos transportes, além da extinção de linhas de ônibus na capital. “O prefeito Bruno Covas, junto com seu amigo Doria, quer cortar centenas de linhas de ônibus (…). O governador playboy João Doria (ainda) cortou o orçamento pra EMTU em 40% (…). Mas no dia a dia, eles passam bem longe do busão lotado. Só andam de carrão e de helicóptero. Bora mostrar pra esses playboys que quem tem que decidir é o povo que usa e faz o transporte funcionar”, afirma o MPL.