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Sem esperar mais por Bolsonaro, Pernambuco convoca pesquisadores para “decifrar” óleo nas praias

Governo do estado lançou edital de R$ 2,5 milhões para que pesquisadores contribuam com defesa do meio ambiente. No "Entre Vistas", Paulo Câmara também fala das ações do consórcio dos governadores da região

José Cruz / ABR
José Cruz / ABR
Câmara: “Nós tivemos de fazer uma ampla mobilização para buscar alternativas de minimizar o que está acontecendo no nordeste”, diz o governador sobre o crime ambiental que tem forte impacto sobre a economia da região"

São Paulo – Diante do descaso do governo Bolsonaro frente ao vazamento de óleo que assola as praias do Nordeste, o governo de Pernambuco lançou um edital de R$ 2,5 milhões para convocar pesquisadores de 12 áreas. O governo estadual quer respostas sobre os impactos desse que é considerado o mais grave crime ambiental da história da região.

“O óleo chegou há 60 dias na região. A gente tem poucas respostas, isso tem trazido muitas interrogações e nós não sabemos ainda qual o efeito real desses vazamentos para o futuro, não apenas do turismo, mas para a questão do meio ambiente, dos trabalhadores da pesca, o que isso atingiu os nossos estuários”, afirma o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). “Diante disso, nós entendemos que era necessário fazer um chamamento público de pesquisadores (…). Isso para nós é muito importante porque dá um horizonte de planejamento”, afirma Câmara.

O governador participa nesta quinta-feira (7) do programa Entre Vistas, na TVT, conduzido pelo jornalista Juca Kfouri. Câmara responde também perguntas das convidadas do programa, a jornalista Terlânia Bruno, da Rádio Brasil Atual, e a estudante de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e presidenta do Centro Acadêmico 11 de Agosto, Letícia Siqueira das Chagas.

“Nós tivemos de fazer uma ampla mobilização para buscar alternativas de minimizar o que está acontecendo no nordeste”, diz o governador sobre o crime ambiental que tem forte impacto sobre a economia da região.

“Tem que priorizar o que é importante. Não se pode ver um acidente ambiental como esse e não tomar nenhuma providência”, diz, criticando a inação do governo Bolsonaro para enfrentar o problema. “Hoje o debate é pequeno, é um debate rasteiro – discutir questões que todo mundo sabe que não pode dar certo, como o aumento de circulação de armas no país. Isso vai aumentar a violência. É um retrocesso a tudo que a gente conquistou em um período mais recente”, destacou.

No início do programa, Câmara comenta sobre o exemplo de união que a região tem dado ao país, com a consolidação do consórcio dos governadores do Nordeste. “O Nordeste tem essa característica há muito tempo, de buscar unidade. É uma região que é desigual. Nós temos cerca de 28% da população brasileira e menos de 14% do PIB. Nos últimos anos, o nordeste viu a vida melhorar, oportunidades aconteceram, tem um olhar para o desenvolvimento e buscar a inclusão, e isso está se perdendo, de maneira muito rápida. A região, os governadores e a sociedade viram a necessidade de unidade”, afirmou.

“E defender o povo mais pobre, e buscar alternativas em um serviço público que funcione melhor, e chegue a quem mais precise. E que possa ser uma voz clara de unidade em favor do Brasil, do povo e de uma forma de fazer política que tem dado certo para a região”, disse.

Câmara dá como exemplos da política nordestina os resultados obtidos no campo da educação. “Os exemplos são muito claros, é só ver a educação em Pernambuco e Ceará, que são referências hoje no ensino médio, no caso de Pernambuco, e no ensino básico, no Ceará”.

Ele também destacou que a ideia de unidade vem das gestões anteriores. “Os governadores decidiram há cerca de 3 anos – sete governadores da região foram reeleitos, então, essa unidade vem do mandato anterior”, afirma. “Decidimos que estava na hora de fazer um consórcio, de conversar mais, fazer parceiras, e uma gestão pública em que todos olhassem o que um está fazendo melhor do que o outro e todos pudessem se apropriar.”

“E culminou de este a ano a gente fazer uma estrutura para isso, que é o consórcio do nordeste, e culminou também de ter um governo federal que claramente não prioriza uma região que tem muito a ajudar o Brasil a sair desse momento tão difícil que passa.O governo federal tem feito retrocesso em muita coisa que precisava continuar, e a gente decidiu que precisava dessa unidade.”

Indagado pela jornalista Terlânia Bruno quanto aos resultados efetivos até agora obtidos pelo consórcio, o governador destaca as compras conjuntas pelos estados. “O consórcio foi formalizado agora, mas já vínhamos conversando e discutindo há muito tempo, debatendo temas importantes para o desenvolvimento da região. Mas nós já estamos fazendo compras corporativas, em escala, e isso ajuda a melhorar o preço de produtos que todos os estados compram, como os medicamentos. Já estamos com licitações conjuntas para diminuir o preço dos medicamentos”.

“Vamos fazer agora uma série de ações internacionais para mostrar o que é o Nordeste e toda a potencialidade (da região) e que vale a pena investir no Nordeste, fazer turismo”, destacou. Ele também menciona a Conferência Nacional do Clima em Recife, que está sendo realizada nesta semana, “porque o governo federal não quis sediar essa conferência, que é a preparatória para a COP-25, e nós estamos fazendo isso para mostrar a importância de se debater as mudanças climáticas, o meio ambiente, o crescimento sustentável”.


A íntegra pode ser vista a partir das 22h

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