tentação autoritária

Oposição vai ao Conselho de Ética e ao STF contra Eduardo Bolsonaro

Na Câmara, agressão à Constituição "não vai passar em branco", segundo Orlando Silva (PCdoB-SP). Filho do presidente poderá ser advertido, suspenso, ou até cassado por quebra de decoro

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Cleia Viana/Câmara dos Deputados
"Não somos obrigados a conviver com aprendizes de ditadores", diz Orlando Silva sobre declaração de Eduardo Bolsonaro

São Paulo – Partidos de oposição vão entrar com representação contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) por quebra de decoro parlamentar, em função da sua declaração sobre possibilidade de decretação de “um novo AI-5“. Também será apresentada representação criminal no Supremo Tribunal Federal (STF), por quebra da ordem constitucional. Ele defendeu a utilização do mecanismo caso a esquerda “radicalize” contra o governo de seu pai, Jair Bolsonaro.

Na semana passada, em discurso na tribuna, ele tentou intimidar os movimentos sociais que tentassem realizar manifestações contra o governo, como as que vem ocorrendo no Chile. Em alusão velada à ditadura, afirmou que a veríamos a “história se repetir”.

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou que os parlamentares não vão tolerar a agressão à Constituição, e que Eduardo Bolsonaro deverá ser responsabilizado, com a punição podendo variar desde uma advertência, passando pela suspensão e chegando até a cassação do seu mandato. O parlamentar defendeu também a ação no STF.

“Não somos obrigados a conviver com aprendizes de ditadores. Ele terá que se explicar, inclusive na Justiça, a apologia ao autoritarismo. No Parlamento, existe um grau de politização. Na Justiça, é o estrito cumprimento da lei. Daí a decisão dos partidos de oposição em adotarem os dois caminhos: o do Parlamento, que vai verificar a quebra do decoro, e o caminho da Justiça, onde se verifica a eventual violação legal”, afirmou Orlando Silva aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta sexta-feira (1º).

Ele alega que os deputados se equivocaram ao não agir em episódios anteriores, inclusive envolvendo Jair Bolsonaro, que  homenageou um torturador da ditadura durante sessão que autorizou a abertura do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, sem que resultasse em qualquer punição. Até então, segundo Orlando, Bolsonaro era tratado como “chacota” entre os deputados. Agora, as declarações de Eduardo provocaram reações indignadas dos presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e também dos líderes de partidos de centro e direita, como o MDB e o PSDB, o que demonstra que a conjuntura teria mudado, segundo o deputado comunista. “Nunca vi reação de tamanha proporção a uma manifestação antidemocrática da família Bolsonaro como a que vimos nesse caso”, afirmou.

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